A nova fase da Operação Lava Jato se aproximou como nunca do ex-presidente Lula. A compra de um apartamento está sob investigação. Governo sai em defesa do petista e afirma que não há provas contra ele
Investigadores da Operação Lava Jato afirmaram ontem que todos os apartamentos do condomínio Solaris, em Guarujá (SP), são alvo de investigação de um suposto esquema de offshores criadas para enviar ao Exterior propina desviada da Petrobras. Entre os apartamentos, está um tipo triplex – que havia sido reservado ao ex-presidente Lula. Operação deflagrada ontem – denominada de “Triplo X” – apreendeu documentos na construtora OAS e na Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), responsável pelo início da construção do condomínio.
De acordo com as primeiras investigações, familiares de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, podem ter sido beneficiados em transações imobiliárias com a OAS. A cooperativa foi presidida entre 2005 e 2010 por Vaccari.
Na operação, foram presas três pessoas ligadas ao escritório da Mossack Fonseca, empresa com sede no Panamá com escritórios no mundo inteiro, inclusive em São Paulo, que promoveria a abertura de offshores no Exterior.
Foram presos Ricardo Honório, um dos sócios do escritório da empresa no Brasil; Renata Pereira Brito, que trabalhava com Honório; e a publicitária Nelci Warken, que prestou serviços à Bancoop.
Foram cumpridos seis mandados de prisão temporária (válida por cinco dias), dois de condução coercitiva e 15 de busca e apreensão. As diligências ocorreram nas cidades de São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo e Joaçaba (SC). Os presos foram levados para a Superintendência da Polícia Federal no Paraná.
Investigação
“Em relação ao conjunto Solaris, nós estamos investigando todas as operações desses apartamentos. Nós temos indicativos em relação a familiares do Vaccari e também de uma offshore aberta pela Mossack Fonseca”, disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima ao detalhar a 22ª fase da Operação Lava Jato. A promotoria afirmou ainda que “existem indícios” de ligação com Lula.
“Além dos possíveis crimes de sonegação fiscal e ocultação de patrimônio, há indícios de que os imóveis foram usados para pagamento de propina a pessoas que hoje são proprietárias”, explicou o delegado da Lava Jato, Igor Romário.
Alguns apartamentos do Solaris eram da Bancoop e, em 2009, foram assumidos pela OAS. A PF suspeita que a empreiteira usava os imóveis para pagar propinas de contratos fechados com estatais.
Governo
Sobre as investigações estarem se aproximando do ex-presidente Lula, a presidente Dilma Rousseff disse que “o ônus da prova é de quem acusa”. Defendendo amplo direito à defesa, ela afirmou serem necessárias provas. “Se alguém falasse a respeito de qualquer um de nós aqui: ‘a nova fase da Lava Jato levanta suspeita sobre você’, e você não soubesse do que é a suspeita, como é a suspeita e da onde vem a suspeita, você não acharia incorreto?”.
Líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT) afirmou que a nova operação “não atrapalha nem ‘desatrapalha’ o governo” e que Lula não é citado no processo. “Eu não vou ficar falando em ilações”, disse. (com agências de notícias)
Todos os imóveis do condomínio Solaris, no Guarujá (SP), estão sendo investigados pela PF. Familiares de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, podem ter sido beneficiados em transações imobiliárias com a construtora OAS. A cúpula da empreiteira já foi condenada na Lava Jato. A nova fase da Operação Lava Jato se aproxima de forma contundente do ex-presidente Lula, que tinha reserva de triplex no condomínio.
O nome da operação, Triplo X, faz alusão à offshore Murray, que mantém um triplex no condomínio investigado pela nova fase da Operação Lava Jato.
Alguns apartamentos do Solaris eram da Bancoop e foram assumidos pela OAS. A PF suspeita que a empreiteira usava os imóveis para pagar propinas.
Os triplex investigados são o 164-B, 162-B e 164-A. Depoimento de funcionários ao MP de São Paulo afirma que Marisa, esposa de Lula, visitou o 164-A.
Entre os crimes investigados na atual fase estão corrupção, fraude, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. 80 policiais participam da ação.
Foram presos a publicitária Nelci Warken, que prestou serviços à Bancoop, Ricardo Honório, um dos sócios da Mossack, e Renata Pereira Brito.
Foram cumpridos seis mandados de prisão temporária (válida pelo período de cinco dias), dois de condução coercitiva e 15 de busca e apreensão.
Saiba mais
Através de nota, o Instituto Lula afirmou que o ex-presidente nunca escondeu que sua família comprou a prestações uma cota no Bancoop para ter um apartamento onde hoje fica localizado o Solaris. O comunicado afirma que a compra da cota foi declarada ao Fisco e é pública desde 2006.
“Lula nunca ocultou patrimônio, não recebeu favores, não fez nada ilegal. E continuará lutando em defesa do Brasil, do Estado de direito e da democracia”, diz a nota.