O ex-juiz Sergio Moro sugeriu a procuradores do MPF (Ministério Público Federal) uma ação para rebater a defesa do ex-presidente Lula (PT) após depoimento do petista à Lava Jato, segundo novas mensagens publicadas pelo site The Intercept Brasil na noite desta sexta-feira (14/06).
“Talvez vcs devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele”, escreveu Moro às 22h12 do dia 10 de maio de 2017.
“Por que a Defesa já fez o showzinho dela”, completou o então juiz um minuto depois, às 22h13.
Segundo o site, Carlos Fernando respondeu: “Podemos fazer. Vou conversar com o pessoal. Não estarei aqui amanhã. Mas o mais importante foi frustrar a ideia de que ele conseguiria transformar tudo em uma perseguição sua [de Moro]”.
Depois desse diálogos houve outra sequência de conversas entre Carlos Fernando, assessores de comunicação e Dallagnol, sobre a possibilidade de manter a audiência da imprensa sobre o depoimento do ex-presidente Lula e a Nota do MPF. Após vária discussões internas e conversas de Dallagnol com Moro ficou decido a publicação da Nota.
Um dos assessores da força tarefa da área da comunicação sugeriu:
“Na minha visão é emitir opinião sobre o caso sem ele ter conclusão…e abrir brecha pra dizer que tão querendo influenciar juiz. Papel deles vai ser levar pro campo político. Imprensa sabe disso. E já sabe que vcs não falam de audiências geralmente. Mudar a postura vai levantar a bola pra outros questionamentos. Pq resolveram falar agora? Pq era o ex-presidente? E voltar o discurso de perseguição…é o que a defesa fez, faz…pq não tem como rebater a acusação. Acusação utilizar da mesma estratégia pode ser um tiro no pé”, escreveu o assessor de imprensa.
O site The Intercept Brasil sobre esse posicionamento do assessor de imprensa escreveu o seguinte comentário: “O que os assessores não sabiam é que não era o MPF que queria influenciar o juiz, mas o juiz que estava influenciando o MPF. Três minutos antes de mandar essas mensagens ao grupo, Dallagnol havia escrito a Moro. Além de elogiá-lo pela condução da audiência, o procurador falou sobre a nota:
No dia seguinte, 11 de maio, a equipe do MPF acabou por publicar uma nota para expor o que julgou serem contradições de Lula, como havia indicado Moro.
Na nota, os procuradores afirmavam que, entre as contradições, estavam “a imputação de atos à sua falecida esposa, a confissão de sua relação com pessoas condenadas pela corrupção na Petrobras e a ausência de explicação sobre documentos encontrados em sua residência”.
O Intercept relatou que procurou a equipe do ministro nesta sexta-feira (14/06) e apresentou com antecedência todos os pontos mostrados na reportagem.
O site publicou ter recebido como resposta a seguinte nota: “O ministro da Justiça e Segurança Pública não comentará supostas mensagens de autoridades públicas colhidas por meio de invasão crimosa de hackers e que podem ter sido adulteradas e editadas, especialmente sem análise prévia de autoridade independente que possa certificar a sua integridade. No caso em questão, as supostas mensagens nem sequer foram enviadas previamente”.
A defesa de Lula ainda não comentou as novas revelações.