Depois que a capitalização foi retirada do texto da reforma da Previdência o ministro Paulo Guedes fez questão de demonstrar sua irritação com a medida. Guedes disse que os deputados não tinham “compromisso com o futuro”.
O time de Guedes tentou justificar a fala do ministro dizendo que a expectativa era de uma economia maior –R$ 950 bilhões sem aumento de tributos e que a iniciativa é fundamental para alavancar o emprego já que abre espaço para um regime de contratação mais flexível.
As críticas de Paulo Guedes (Economia) ao texto da reforma da Previdência produzido pela Câmara tendem a custar ainda mais caro ao ministro. Líderes de partidos trocaram telefonemas logo após o ataque. Ninguém vai derrubar a proposta, mas todos avisam que o governo pode se preparar para, encerrada esta missão, perder por completo qualquer ingerência sobre o Congresso. Para parlamentares, esta foi a prova de que nem na pasta há um mínimo de noção do que é independência entre Poderes.
Na Câmara alguns parlamentares avaliaram que o comportamento de Guedes, mesmo blindado por Rodrigo Maia (DEM), se alinhou à ala do governo que aposta no emparedamento do Congresso, por meio de pressão popular, para submeter deputados e senadores às suas vontades. Outros foram além, chamaram Guedes “menino mimado” e “olavete sofisticado”, em referência ao grupo radical liderado por Olavo de Carvalho.