O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) foi preso pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (17) em seu apartamento, no Leblon, zona sul. Ele é alvo de dois mandados de prisão. Um deles foi expedido pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância.
O outro mandado é do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio, e faz parte da Operação Calicute, um desdobramento da Operação Lava Jato, deflagrada pela PF junto com o MPF (Ministério Público Federal) e a Receita Federal. A operação investiga o desvio de recursos públicos federais e pagamento de propina em obras realizadas pelo governo do Rio. O prejuízo estimado é superior a R$ 224 milhões, de acordo com o MPF.
A mulher de Cabral e ex-primeira dama, Adriana Ancelmo, também foi levada para a Polícia Federal, a fim de cumprir mandando de condução coercitiva (quando a pessoa é encaminhada para prestar esclarecimentos em sede policial). O casal deixou o prédio onde mora sob gritos de “bandido” e “ladrão”, por volta das 7h. Os policiais federais usaram spray de pimenta para dispersar um grupo de manifestantes, que se colocou em frente ao carro da PF. O UOL ainda não conseguiu contato com a defesa do ex-governador.
Cabral é o segundo ex-governador do Rio preso em menos 24 horas. Ontem, a PF prendeu Anthony Garotinho (PR) em uma investigação sobre esquema de compra de votos em Campos dos Goytacazes (RJ) comandada pelo Ministério Público Eleitoral.
Segundo a PF, 230 policiais federais cumprem 38 mandados de busca e apreensão, dez mandados de prisão –sendo oito preventivos (sem prazo) e dois temporários (com prazo determinado)– e 14 mandados de condução coercitiva expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. As dez ordens de prisão decretadas pela Justiça fluminense foram cumpridas.
Além disso, mais 14 mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão preventiva e um mandado de prisão temporária foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba, de Moro.
O MPF informou que a Justiça ainda determinou o sequestro e arresto de bens de Cabral e outras 11 pessoas físicas e 41 pessoas jurídicas.
São investigados os crimes de pertencimento a organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, entre outros. Também participam das diligências dezenove procuradores do MPF e cinco auditores fiscais da Receita Federal.
No primeiro semestre, executivos da empreiteira Andrade Gutierrez relataram em delação premiada o acerto de propinas sobre obras de urbanização do conjunto de favelas de Manguinhos, além da cobrança de um percentual na obra de reforma do estádio do Maracanã.