O ano em que o Picolé de Chuchu deu lugar ao espancador de estudantes. Por Mauro Donato

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Por mais que tenha buscado, e obtido temporariamente, um alinhamento das grandes redes de jornais e TVs com seu plano de ‘reorganização’ das escolas, mesmo com os telejornais contornando a realidade a seu mando, a operação abafa de Geraldo Alckmin fracassou. Claro, estamos em 2015, século 21. Só o governador e seu mumificado estafe parecem não saber disso.

Mais uma vez as mídias independentes acompanharam, apuraram e noticiaram informações e imagens das manifestações dos estudantes e a agressividade pré-histórica da Polícia Militar. A verdade transbordou e alcancou a todas as camadas da população. Daí não tem mais jeito, até o mais Homer Simpson dos telespectadores tem perfil nas redes. Deu-se então uma pesquisa, Alckmin tomou um susto e recuou instantaneamente. A medida tomada de cima para baixo, na base da canetada, sem consultar nem explicar voltou-lhe amarga pelo esôfago.

Com toda sua alienação e atraso, Geraldo Alckmin ignora ainda estar lidando com uma geração que não assiste mais TV. Informa-se pela internet e pelos canais certos. Prova disso são as inúmeras vezes em que testemunho nas ruas equipes de reportagem serem impedidas de trabalhar aos gritos de “abaixo a rede globo, o povo não é bobo”.

Alckmin está tão apegado ao passado e cego para a realidade que em sua coletiva de imprensa, na qual anunciou a suspensão da reorganização escolar, proibiu a entrada de profissionais “de oposição” (um deles foi Laura Capriglione, do Jornalistas Livres, que gravou a declaração de “guerra” da secretaria de educação).

Para ele, ‘imprensa’ ainda é aquela que hoje arrasta correntes pelos corredores vazios de redações desérticas com audiência pífia. O governador é um político antigo, quase neolítico, que pensa que ainda estamos no tempo do Canal 100. Sua inépcia com a internet e os tempos atuais é tamanha que enquanto São Paulo pegava fogo em junho de 2013 mandou um Twiter desejando “boa noite ao povo de Pindamonhangaba.”

Parece desconhecer que sem poder contar com um modelo único de mídia informativa, seus planos sem sustentação e baseados em estudos precários ou elaborados sob encomenda são desmascarados rapidamente. Acreditou que anunciando a suspensão da reorganização daria um drible, mais uma vez subestimando a inteligência dos jovens que sabem muito bem a diferença entre suspensão e revogação e decidiram manter as ocupações.

Claro que a Polícia Militar com sua irracionalidade e força desproporcional mais uma vez levou a opinião pública a reprovar a atuação mas pesquisa de popularidade é mais eficiente que qualquer protesto. Políticos não estão nem aí se sua determinação está certa ou errada, se é justa ou injusta. Se exterminar judeus estiver sendo ‘bem aceito’ ele toca em frente.

Vamos esclarecer: um genocídio nunca é bem aceito. É, isso sim, escondido e manipulado através de propaganda e de jornalismo compadre. Isso acabou.

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