Filmes com discussões da atualidade e livros sobre sociologia e filosofia ajudaram Marcus Vinícius, 18, a alcançar a nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste ano. O adolescente disse que, ao contrário dos últimos quatro anos em que tentou, neste, dedicou menos tempo aos estudos, mas se preparou com mais qualidade.
Em 2017, 53 alunos de todo o Brasil alcançaram a nota máxima no Enem. Dois estudantes do Ceará que obtiveram nota 1.000.
Vinícius fazia até três redações por semana no cursinho da escola particular onde estuda em Fortaleza. Mas ele garante que, além da orientação da professora de laboratório, o repertório que ganhou com revistas, filmes e livros que exploravam assuntos atuais foram determinantes para tirar nota 1.000 na redação. “Eu lia muito. Comprei revista de atualidades, procurei filmes de pensadores, sociólogos, filósofos, e isso me ajudou”, conta. O estudante se prepara para cursar medicina e essa foi a quarta vez em que participou do Enem.
Repertório extra
O tema da redação ‒ Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil ‒ quase pegou o adolescente de surpresa, já que ele não viu nada sobre o assunto durante o período de estudos. No entanto, foi o conhecimento captado dos livros e filmes extras que o ajudou a montar o texto. “Não tinha feito nada sobre o tema que caiu da redação, foi mais na esperteza. Usei um sociólogo como referência e detalhei a solução do problema, que é muito importante”, explica o jovem.
Preparação
A rotina de Vinícius era diferente em comparação à de outros estudantes, que costumam dividir o dia entre o colégio e a biblioteca. O rapaz preferia estudar em casa, já que, segundo ele, não consegue ficar muito tempo parado. “Eu estudo em pé, falando, às vezes na rede. Tenho dificuldade de ler sentado, sou muito elétrico”, comenta.
Vinícius mora com os pais, a irmã, o noivo dela e um sobrinho, no Bairro Messejana. Ele diz que a casa cheia até atrapalhava às vezes, mas nada que não fosse resolvido com uma conversa ou um intervalo. O adolescente também não precisou se privar da vida social, e saía pelo menos três vezes por semana para jogar com amigos.
Curso de redação
Para garantir a nota mil na redação, Débora, 19, investiu em um curso especializado de prática da escrita. Uma entre as 53 notas máximas da prova no Brasil, a adolescente radicada no Ceará há 13 anos, e natural de Pernambuco, também quer cursar medicina.
“Fiz um curso de redação por fora. Quis investir porque faz muita diferença na nota, tem um peso grande. E mesmo já obtendo notas boas nos treinos, sempre treinava mais pra tentar alcançar a nota máxima.”
Para atingir o feito, Debora assistia a aulas do cursinho pela manhã, em uma escola particular; estudava durante a tarde na biblioteca da instituição e frequentava o curso especial de redação uma vez por semana, à noite. “Eu fazia em média duas redações por semana, treinava o máximo possível”, diz a estudante. “Eu queria passar, mas a nota máxima era um dos objetivos que eu gostaria de alcançar.” Na prova anterior do Enem, a estudante obteve 760 pontos na redação e não ficou satisfeita. “Ano passado mesmo já tinha me decepcionado com a nota da redação”. Ela acredita que o resultado foi um dos principais fatores para que não ingressasse no curso de medicina, e por isso resolveu fazer diferente este ano./G1