O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (17/9), manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, conforme esperava o mercado. A decisão do colegiado foi unânime.
Esta é a segunda reunião consecutiva em que a aautoridade monetária mantém o nível da Selic. De setembro de 2024 até a reunião de junho deste ano, o BC aumentou a taxa em 4,50 pontos, o segundo maior ciclo de alta dos últimos 20 anos, perdendo apenas para a alta de 11,75 pontos entre março de 2021 e agosto de 2022, que ocorreu após o fim da pandemia.
Sem sinalização
O Copom decidiu retirar do comunicado a sinalização sobre os próximos passos do colegiado – diferentemente do que fez em julho, quando antecipou claramente uma nova manutenção da taxa, confirmada nesta quarta-feira.
Em vez de sinalizar qualquer passo futuro, o colegiado apenas reforçou a sua postura “vigilante”, e disse que os seus próximos passos podem ser ajustados.
“O comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, diz o último parágrafo do comunicado.
O Copom afirmou que o cenário segue sendo marcado por “expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”.
“Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, diz o comunicado.
EUA no radar
O colegiado disse que segue acompanhando os anúncios referentes à “imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”.
Também nesta quarta-feira, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) cortou os juros em 0,25 ponto percentual, após cinco reuniões consecutivas nas quais permaneceram inalterados.
Com o anúncio, que ocorre em meio a pressões do presidente Donald Trumo e ataques ao Fed, os juros americanos passaram para o intervalo de 4% a 4,25% ao ano.
Juros reais
Com a manutenção da Selic em 15%, o Brasil continua com a segunda maior taxa de juros reais do mundo, de 9,51%, segundo ranking do site MoneYou. O País está atrás apenas da Turquia, com 12,34%. A Rússia aparece no terceiro lugar, com 4,79%. Depois, figuram no ranking Colômbia (4,38%) e México (3,77%).
O BC calcula que a taxa real neutra de juros do Brasil – que não estimula, nem deprime a economia – é de 5,0%./AE
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