Com a presença de André Fernandes, Capitão Wagner, deputados, vereadores e lideranças do PL, PDT e União Brasil, o ex-ministro e ex-presidenciável Ciro Gomes confirma nesta quarta-feira (22/10) seu retorno ao PSDB, partido pelo qual já governou o Ceará entre 1991 e 1994.
O ato que marca o retorno de Ciro ao cenário local da política cearense, consolida um movimento que o colunista político do Ceará Notícias, Reginaldo Silva, já havia antecipado no último domingo (19/10): ao optar pelo PSDB, Ciro dá um sinal claro de que seu projeto político agora é estadual, não nacional.
Como pontuou o colunista, se o ex-ministro ainda alimentasse ambições presidenciais, teria escolhido o União Brasil, partido com maior peso no Congresso Nacional, tempo expressivo de rádio e TV e um robusto fundo partidário. Mas ao preferir o PSDB, Ciro assume um caminho de caráter local, estratégico e desafiador, mirando o Palácio da Abolição em 2026.
Um movimento de cálculo político e risco pessoal
A decisão é, ao mesmo tempo, inteligente e arriscada. Do ponto de vista estratégico, Ciro preenche uma lacuna visível na oposição cearense, que carece de nomes com capilaridade e recall político no interior do estado. Nenhum outro nome teria hoje o mesmo poder de mobilização ou reconhecimento popular que Ciro conquistou após quatro campanhas presidenciais.
O cálculo da oposição é pragmático: sem uma figura de peso, a disputa contra a hegemonia petista tende a ser desigual. Nesse contexto, Ciro é a carta mais forte do baralho oposicionista.
Mas o risco é alto, se derrotado, o ex-ministro poderá ver sua carreira política encerrar-se simbolicamente, não pela dimensão da disputa, mas pela contradição do gesto.
Ao se aliar a grupos e lideranças que sempre criticou, Ciro abre mão de parte de sua coerência histórica, o que pode gerar ruídos entre seus admiradores mais fiéis.
Não é uma decisão fácil para Ciro, uma vez que sempre se guiou por convicções firmes, parece ter sido empurrado pelas circunstâncias e pela necessidade de sobrevivência política.
Um retorno que redefine o cenário político cearense
Em um cenário fragmentado, a presença de Ciro deve unir o bloco de oposição, o senador Eduardo Girão, não será um problema, uma vez que os bastidores da política apontam uma suposta ajuda de Ciro e Tasso a Eduardo Girão no embate para o Senado contra Eunício Oliveira (MDB), portanto, o caminho da unidade se abre para o ex-ministro, uma vez que a direita bolsonarista já aderiu ao projeto.
O anúncio oficial da pré-candidatura de Ciro ao Palácio da Abolição, previsto para esta quarta-feira (22/10), será o início de uma nova fase da política cearense. Do ponto de vista pessoal, Ciro pode representar um reencontro com o Ceará e, talvez, um acerto final com a própria história.
Comentário de Reginaldo Silva