Para uns, a nova conta trouxe economia. Outros tiveram gasto ainda maior. Segundo a Cagece, não é possível estimar quanto será arrecadado a mais com a tarifa de contingência, mas a meta é continuar economizando
Quase um mês depois da implantação, consumidores têm experiências diversas com a nova conta da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). O principal desafio: consumir menos que 90% da média do ano anterior. Se a população não economizar, a arrecadação pode gerar um novo caixa para o órgão investir na manutenção da rede de água e esgoto. Mas “ainda não é possível estimar incremento”, afirma, em nota, a Companhia. “Para sustentabilidade do sistema hídrico, o ideal é que todos reduzam o consumo de água em 10%”, informa.
Os 30 apartamentos do edifício onde Hilton Girão é síndico não alcançaram a meta. O consumo médio, que era de 586 metros cúbicos (m³), teria de baixar para 527 m³, mas foi no caminho contrário: este mês, a fatura apontou 600 m³ de água utilizados. “Apesar de termos colocado panfletos, aqui não houve redução. Vamos continuar com a conscientização dos moradores pra economizar”, lamenta o funcionário público.
Com o resultado, o condomínio, na Aldeota, terá de arcar com uma conta quase R$ 2 mil maior que a anterior este mês. O aumento no prédio é resultado tanto da tarifa regular, que sofreu aumento médio de 12,9%, quanto da tarifa de contingência, 120% maior nos 73 m³ excedentes. Para tentar alcançar a meta nas próximas contagens, a ideia é visitar cada apartamento para tentar identificar vazamentos e
sensibilizar moradores.
Caçar vazamentos foi a estratégia de Reginaldo Holanda, síndico de um condomínio na Maraponga. Ele diz que ainda não recebeu a conta com as novas tarifas, mas crê que os 19 apartamentos estarão dentro da meta. “Solicitamos que cada um use a água de forma consciente e crie alguma estratégia criativa para minimizar os impactos desse custo”, explica o administrador. Nas áreas comuns, ele afirma, a irrigação das plantas está sendo contingenciada.
Na casa de Rafael Salvador, no Parque Manibura, o mês foi de economia. Como o consumo da casa é baixo, a meta era a mínima: 10 m³ no mês. E o consumo na conta de janeiro foi de 6 m³, menor ainda que a média anual (8 m³). “Acho que o que realmente fez a diferença foi a época de chuva, porque a gente usa muita água para regar as plantas, mas não precisou”.
De acordo com a nota da Cagece, somente após no mínimo,dois meses da data em que a tarifa de contingência entrou em vigor (19 de dezembro) será possível apresentar um balanço dos resultados obtidos.
Para entender
A revisão tarifária extraordinária aumentou o valor da conta de água, em média, em 12,9% de forma não linear nas categorias de clientes e faixas de consumo.
A tarifa de contingência tem por objetivo inibir o consumo excessivo de água em Fortaleza e Região Metropolitana devido ao baixo nível dos açudes do Estado.
O mecanismo estipula aplicação de tarifa 120% mais cara aos clientes que ultrapassem 90% do consumo médio anual. A sobretaxa incide sobre o volume de água que ultrapasse a meta.
No dia 19 de dezembro de 2015, a Cagece começou a fazer a medição dos hidrômetros contando os dois novos métodos.
De acordo com a empresa, por enquanto, as faturas têm o valor proporcional. Somente a partir da segunda medição será levado em conta um mês cheio com os novos métodos.