Nesta quinta (2), o ex-diretor da Odebrecht Benedicto Júnior afirmou em depoimento à Justiça Eleitoral que a empreiteira deu R$ 9 milhões a aliados do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), a pedido dele, na campanha de 2014.
O depoimento de BJ, como o executivo é conhecido, foi dado em uma ação que o próprio PSDB começou, após Aécio ser derrotado por Dilma Rousseff (PT) na disputa à Presidência.
Ueslei Marcelino / Reuters
Em dezembro de 2014, o PSDB pediu a cassação de Dilma e de seu então vice, Michel Temer (PMDB), por abuso de poder econômico. Os advogados dos tucanos argumentaram que a chapa usou propina para financiar a campanha presidencial.
Reprodução / O Estado de S. Paulo
Na véspera de o PSDB entrar com o processo, o jornal Folha de S.Paulo antecipou a informação e acrescentou que a sigla queria ter uma “carta na manga”, “caso se comprove ligações das contas da campanha com o escândalo da Petrobras”.
Àquela altura dos acontecimentos, Aécio e sua sigla ainda não eram abertamente favoráveis ao impeachment de Dilma.
Com o avanço da Lava Jato — e cada vez mais indícios de que a campanha de Dilma Rousseff e Michel Temer usou dinheiro desviado da Petrobras vindo à tona —, o PSDB pediu que o TSE interrogasse delatores da operação no âmbito da ação.
Era abril de 2015, e os principais colaboradores da Lava Jato — como os 78 executivos da Odebrecht — ainda não haviam fechado acordos. O PSDB se pôs a favor do impeachment.
O governo Dilma, porém, chegou ao fim antes da ação no TSE.
E o PSDB se viu em uma situação incômoda: poderia atingir com o processo eleitoral seu novo aliado, o recém-empossado presidente Michel Temer, que indicou três ministros tucanos.
O PMDB avaliou pedir que o PSDB desistisse da ação.
Mas percebeu que não iria adiantar: caso isso acontecesse, o Ministério Público poderia seguir em frente por conta própria.
A estratégia dos dois partidos a partir daí foi atrasar a ação o máximo possível, para que Temer chegue a dezembro de 2018 ainda como presidente da República, antes do fim do processo.
Alguns fatores contam a favor do plano, como a saída de dois dos sete ministros do TSE — cujos substitutos serão nomeados por Temer. Os substitutos podem, por exemplo, pedir mais tempo para estudar a ação, protelando o final indefinidamente.
Relator do processo, o ministro Herman Benjamin já disse que seu voto acontecerá ainda em 2017.
(BuzzFeed)
Nesta quinta (2), o ex-diretor da Odebrecht Benedicto Júnior afirmou em depoimento à Justiça Eleitoral que a empreiteira deu R$ 9 milhões a aliados do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), a pedido dele, na campanha de 2014.O depoimento de BJ, como o executivo é conhecido, foi dado em uma ação que o próprio PSDB começou, após Aécio ser derrotado por Dilma Rousseff (PT) na disputa à Presidência.Em dezembro de 2014, o PSDB pediu a cassação de Dilma e de seu então vice, Michel Temer (PMDB), por abuso de poder econômico. Os advogados dos tucanos argumentaram que a chapa usou propina para financiar a campanha presidencial.Na véspera de o PSDB entrar com o processo, o jornal Folha de S.Paulo antecipou a informação e acrescentou que a sigla queria ter uma “carta na manga”, “caso se comprove ligações das contas da campanha com o escândalo da Petrobras”.Àquela altura dos acontecimentos, Aécio e sua sigla ainda não eram abertamente favoráveis ao impeachment de Dilma.Com o avanço da Lava Jato — e cada vez mais indícios de que a campanha de Dilma Rousseff e Michel Temer usou dinheiro desviado da Petrobras vindo à tona —, o PSDB pediu que o TSE interrogasse delatores da operação no âmbito da ação.Era abril de 2015, e os principais colaboradores da Lava Jato — como os 78 executivos da Odebrecht — ainda não haviam fechado acordos. O PSDB se pôs a favor do impeachment.O governo Dilma, porém, chegou ao fim antes da ação no TSE.E o PSDB se viu em uma situação incômoda: poderia atingir com o processo eleitoral seu novo aliado, o recém-empossado presidente Michel Temer, que indicou três ministros tucanos.O PMDB avaliou pedir que o PSDB desistisse da ação.Mas percebeu que não iria adiantar: caso isso acontecesse, o Ministério Público poderia seguir em frente por conta própria.A estratégia dos dois partidos a partir daí foi atrasar a ação o máximo possível, para que Temer chegue a dezembro de 2018 ainda como presidente da República, antes do fim do processo.Alguns fatores contam a favor do plano, como a saída de dois dos sete ministros do TSE — cujos substitutos serão nomeados por Temer. Os substitutos podem, por exemplo, pedir mais tempo para estudar a ação, protelando o final indefinidamente.Relator do processo, o ministro Herman Benjamin já disse que seu voto acontecerá ainda em 2017.