Ex-secretário nacional de Segurança Pública (2003) e ex-subsecretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro (1999-2000), Luiz Eduardo Soares avalia que a política de pacificação por meio das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) fracassou no Rio de Janeiro, oito anos depois de seu lançamento oficial.
Para Soares, o fracasso da política de ocupação de áreas de risco aconteceu porque foi conduzida por uma polícia militarizada, sem base comunitária, e porque não foi seguida de outras políticas de Estado, como de saneamento básico e educação.
“Não houve nenhuma reforma institucional, e a polícia, infelizmente, é o que é no Rio de Janeiro”, aponta, com a experiência de quem denunciou, no início dos anos 2000, a existência de uma “banda podre” da polícia, corrupta e associada ao crime.
“As experiências [das UPPs] foram por água abaixo, e o grande símbolo dessa virada foi o assassinato do Amarildo”, lamenta, lembrando o caso do pedreiro Amarildo, que sumiu após ser levado de sua casa, na Rocinha, por policiais militares.
Lançada como principal política de segurança pública do Rio de Janeiro, a primeira UPP foi implantada em 19 de dezembro de 2008, no Morro Santa Marta, durante o governo de Sérgio Cabral Filho (PMDB). Hoje são 38 UPPs (a última foi inaugurada em maio de 2014), com um efetivo total de cerca de 9.000 policiais.
Segundo o Balanço de Indicadores da Polícia de Pacificação, que reúne dados de todas as 38 UPPs, a taxa de letalidade violenta (que inclui número de assassinatos e roubos seguidos de morte, por exemplo) voltou a crescer em 2014 e em 2015, embora abaixo do índice verificado antes do início do programa, em 2008. Em 2015, foram 150 casos de letalidade violenta, contra 361 em 2007. Essa taxa chegou ao nível mais baixo em 2013, quando foram 76 casos de morte violenta.