STJ afasta Witzel do governo do Rio por 180 dias e manda PF prender Pastor Everaldo, Tristão e mais 15 por desvios na Saúde

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O ministro do Superior Tribunal de Justiça Benedito Gonçalves, relator da Operação Placebo, decidiu afastar o governador do Rio Wilson Witzel do cargo por 180 dias, em razão de supostos desvios da Saúde do Estado. A medida faz parte da Operação ‘Tris in Idem’ que faz buscas em seis Estados e no Distrito Federal e tenta prender 17 pessoas, entre elas o presidente do PSC Pastor Everaldo e o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Lucas Tristão.

Witzel foi notificado sobre seu afastamento no Palácio dos Laranjeiras. A medida foi considerada previsível por integrantes do STJ ouvidos reservadamente pela reportagem. Na avaliação de um ministro, o governador se cercou de péssimas companhias. Segundo o Estadão apurou, as medidas foram tomadas por Gonçalves para impedir a reiteração de crimes e para garantir o aprofundamento das investigações.

Entre os alvos das buscas da ‘Tris in Idem’ estão a primeira-dama Helena Witzel e André Ceciliano, presidente na Assembleia Legislativa do Rio. Agentes estiveram na sede administrativa na Casa na rua da Alfandega, a poucos metros do Palácio Tiradentes, e também na casa do parlamentar na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. A PF também cumpre mandados no Palácio Laranjeiras, no Palácio Guanabara e na residência do vice-governador.

A Procuradoria-Geral da República informou que ao todo são cumpridos 17 mandados de prisão – seis preventivas e 11 temporárias – e 72 de busca e apreensão. As ordens são cumpridas no Distrito Federal e em seis Estados: Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais. Um endereço no Uruguai também é alvo da operação – um dos investigados cuja prisão preventiva foi decretada estaria no local, indicou a PGR.

O Ministério Público Federal apontou que a operação deflagrada nesta manhã foi batizada de ‘Tris in Idem’ em ‘referência ao fato de se tratar do terceiro governador do Estado que se utiliza de esquemas ilícitos semelhantes para obter vantagens indevidas’.

“A partir da eleição de Wilson Witzel, estruturou-se no âmbito do governo estadual uma organização criminosa, dividida em três grupos, que disputavam o poder mediante o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos. Liderados por empresários, esses grupos lotearam algumas das principais pastas estaduais – a exemplo da Secretaria de Saúde – para implementar esquemas que beneficiassem suas empresas”, afirmou a Procuradoria em nota

Além das medidas da ‘Tris in Idem’, o ministro do STJ Jorge Mussi autorizou, no âmbito de outro inquérito, o cumprimento de 12 mandados de busca e apreensão no Piauí, com o objetivo de coletar provas sobre suposto esquema de nomeação de funcionários fantasmas no governo fluminense para desvio de dinheiro público.

Operação Placebo

A ‘Tris in Idem’ é um desdobramento da Operação Placebo, que foi inicialmente aberta em maio, quando a Polícia Federal cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, parte deles em endereços do governo fluminense, para investigar suposto esquema de corrupção envolvendo a instalação de hospitais de campanha para combate ao novo coronavírus no Estado./AE

 

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