‘Se eu quisesse ser presidente, teria sido no lugar do Michel’, diz Rodrigo Maia

4 Min. de Leitura

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse neste sábado (05/10), que, se quisesse ser presidente por vias indiretas, teria sido no lugar do ex-presidente Michel temer. A fala foi dita no contexto em que Maia negava que era uma espécie de primeiro-ministro do governo do presidente Jair Bolsonaro. O democrata disse ainda que o mandatário não gosta dessa metáfora.

Em seguida, presidente da Câmara afirmou que não tem intenção de chegar à Presidência pela via indireta, sugerindo que não descarta disputar o cargo em uma eleição.

Em 2017, o emedebista – que tinha ascendido da vice-Presidência à Presidência – foi denunciado por corrupção duas vezes pelo então procurador da República, Rodrigo Janot, e quase caiu do cargo. Na ocasião, Maia, que já era presidente da Câmara, era o sucessor, mas não articulou pela queda.

Temer derrotou Janot na Câmara, nas votações que iriam determinar se ele poderia ser investigado durante sua presidência. O emedebista se manteve no cargo até o fim do mandato, quando passou a faixa a Bolsonaro.

“Fui responsável (ao não derrubar Temer). Eu, como principal beneficiário, operar o parlamento para derrubar um presidente da República, não considerei aquilo o melhor dos caminhos para o Brasil e para a estabilidade democrática”

“Operar um processo de destituição de um presidente significa negociar o governo”, acrescentou. “Não estou disposto a negociar nada. Se fosse necessário assumir, se o parlamento quisesse derrubar o presidente, era decisão dele. Se eu tivesse que ficar presidente por seis meses, eu ia, com liberdade para reconstituir o governo”, concluiu.

Maia disse ainda que fez o contrário. “É óbvio que o Michel operou o processo de impeachment da Dilma (Rousseff) politicamente”, constatou.

Maia disse crer que Temer tenha errado já que, em sua avaliação, Dilma teria caído sozinha. Para o deputado, ao organizar o processo e sinalizar espaço a todos os deputados, o emedebista limitou sua capacidade de reformar o País.

Durante o painel deste sábado, Maia disse que não faz questão de integrar uma chapa presidencial mas que quer contribuir para a formação de um governo de Centro.

Maia confirmou que esteve, na noite de sexta, em um jantar com Luciano Huck e que o tema da conversa foi política e a formação de uma coalizão de Centro, mas disse que o apresentador só decidirá mais adiante se irá disputar a Presidência

Após sua fala, o deputado, perguntado se poderia se aliar ao governador paulista João Doria, disse que há todas as condições de reeditar a conhecida aliança entre democratas e tucanos, mas que ainda é muito cedo para dizer.

Maia criticou a chamada “nova política”, que se opõe à políticos tradicionais de muitos mandatos, como é o caso do deputado.

O deputado citou o presidente americano Donald Trump e o imbróglio do Brexit no Reino Unido  para argumentar que proponentes da nova política implodem modelos antigos de se governar, mas não conseguem formular nada para colocar no lugar, deixando países à deriva./AE

Compartilhar Notícia