Por Reginaldo Silva- Professor, Radialista e Jornalista
O PDT e a Fundação Leonel Brizola irão realizar uma série de encontros ao longo de 2023, em todas as regiões do Brasil, com o objetivo de debater os principais temas políticos, sociais e econômicos do país. O primeiro evento acontece em Fortaleza nestes dois dias, 22 e 23 de junho.
O Encontro Regional Nordeste chega ao Ceará após as eleições presidenciais ainda em clima de racha. De um lado, Sarto se diz vítima desse processo, alegando que, só agora, quando ele chegou a prefeitura, o grupo resolveu brigar, assim, prejudicando em particular sua reeleição.
Por outro lado, com André Figueiredo acumulando a presidência nacional e estadual do partido, o senador Cid Gomes, sinaliza que tem interesse em presidir a legenda, já imaginando o que possa acontecer nas próximas eleições, em que seu nome estará em jogo no partido.
Com ressentimentos de ambos os lados, o partido se reúne em meio ao racha da legenda e a busca por novos caminhos. Uma ala está ligada aos governos Lula e Elmano, a outra, segue na oposição aos dois. Vale salientar que essa situação partidária não é exclusiva do PDT, as grandes siglas do país, também vivenciam essa situação. O inusitado é que essa fenda política ocorre no Ceará, onde esse grupo mantinha um alto grau de coesão.
Voltando a pergunta inicial do título do texto, em que todos procuram culpados para explicarem o racha no PDT. É bem verdade, que nem Sarto é vítima e nem Cid é culpado por ter se ausentado do pleito. Essa relação do PDT, devido a longevidade de poder vinha sendo corroída com o tempo, até culminar com o racha da legenda.
Não existe um culpado, existem vários culpados e situações que levaram ao rompimento. Ciro precisava de um palanque no Ceará. Roberto Cláudio queria um palanque para ser candidato. A Izolda queria ser candidata à reeleição. Todos os partidos que orbitavam essa decisão também tinham seus interesses. Essa conjuntura foi a grande responsável por esse racha, ela fugiu ao controle de uma ou outra liderança.
Sarto foi um dos primeiros a dar uma declaração pública de apoio a Roberto Cláudio, essa postura levou Camilo Santana também a defender publicamente o apoio a reeleição de Izolda. Era o garrancho que falta para acender a fogueira. Ciro referendou o nome de Roberto Cláudio e Cid deu o grito do silêncio. O resto da história todos sabem o fim.
Neste novo momento, Ciro começa a fazer suas críticas ao governo Elmano, em palestra na OAB-CE, já criticou a estrutura administrativa, com o aumento do número de secretarias, a exemplo de Roberto Cláudio que foi o pioneiro nessa linha de argumentação. Ciro já é um crítico contumaz de Lula, isso todo mundo á sabe. Por outro lado, Cid agora quer o controle da legenda no estado. O resto dessa história é o que ainda não sabemos.
O Encontro Regional Nordeste do PDT será uma grande oportunidade para legenda buscar as soluções para os problemas internos. Entre o racha e o futuro, o PDT segue a deriva sonhando em encontrar esse norte, lutando para não se transformar em um Titanic.
