Dia desses, lendo um jornal lá de Moçambique, deparei-me com uma interessante matéria: “Cada novo milionário custou pouco mais de 2.000 pobres”. Curioso, decidi lê-la.
Fiquei curioso. Qual seria, neste sinistro contexto, a realidade brasileira? Comecei pelo número de milionários: eles eram 162 mil em 2015, e, a despeito da crise econômica que se abateu sobre nosso país, passaram a ser 172 mil em 2016, conforme dados coletados pelo banco Crédit Suisse. Enquanto isso, o número de famílias em situação de pobreza extrema voltou a crescer: elas eram 8% em 2014, e passaram a ser 9,2% em 2015.
E o mundo? A quantas andaria o planeta? Alemanha, um passo à frente: “Julgando pela taxa de desigualdade, a Alemanha já pode se comparar com os países do chamado Terceiro Mundo. Por um lado, existem várias famílias com a renda de 30 bilhões de Euros, sendo que sua fortuna continua crescendo. Por outro, 20% da população não tem quase nada, enquanto 7% tem mais dívidas do que renda” (jornal “Sputnik”).
Encontrei dados praticamente similares relativos ao restante da União Europeia e aos EUA, todos demonstrando um quadro absolutamente preocupante. Coroei minha pequena pesquisa com uma constatação da Oxfam, no sentido de que os níveis de desigualdade alcançaram um ponto tal que apenas oito bilionários possuem a mesma riqueza da metade mais pobre de toda a população do planeta.
Fiquei a recordar uma célebre frase de Max Nunes, que, malgrado relativa ao Brasil, aplica-se já a todo o planeta: “o Brasil precisa explorar com urgência a sua riqueza – porque a pobreza não aguenta mais ser explorada”.
Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo.