Entendi perfeitamente porque Ciro Gomes pediu alguns manifestantes que fossem estudar História.
O fato de sair às ruas de verde amarelo ou de vermelho vai além do significado das cores.
Vestir verde e amarelo não traduz somente o nacionalismo e o combate à corrupção.
Bem como vestir-se de vermelho não significa somente a luta pela democracia, o combate a classe burguesa e os grandes meios de comunicação.
Existe muito interesse subliminar por trás das duas ideologias.
Foi na Revolução Francesa que os termos direita, esquerda e centro começaram a ser cunhados, tornando-se um perfil ideológico e político adotado de forma individual e coletiva.
No parlamento francês, os Girondinos, sentavam-se à direita da mesa da presidência e representavam a classe dos poderosos, aristocratas, nobres, clérigos e membros da burguesia.
Os Jacobinos, partido que recebeu esse nome devido ao Convento dos Jacobinos que ficava na mesmo rua onde foi fundada a agremiação, sentava-se a esquerda do parlamento.
Os Jacobinos eram radicais, contrários a monarquia e os privilégios que a mesma concedia as classes mais abastadas. O partido também representava os Sans- culottes parcela mais humilde da população.
Ao centro, ficavam os membros da alta, média, pequena burguesia e alguns aristocratas, não possuíam perfil ideológico característico definido ou comprometimento com os dois grupos mais atuantes. Em determinados momentos votavam ora com um, ora com outro, sem se converter as bandeiras ideológicas de direita ou esquerda.
Com passar dos anos, esses termos foram se modificando, até chegarmos ao quadro de hoje, ou seja, atingimos os extremos.
A extrema direita caracteriza-se pela forma recorrente ao nacionalismo, o preconceito, a truculência, a intimidação, ao militarismo, ao estado policialesco, a propaganda, negando a intervenção democrática e a discussão social, impõe-se através do controle personalista de um líder ou de um grupo de líderes ou partidos. Golpes de Estado são formas recorrentes dessa corrente ideológica.
Em relação a extrema esquerda, os métodos utilizados são muito parecidos, o que diferencia são as ideias e fundamentos notadamente em relação ao Estado, Economia e Produção.
Ao conhecer a formação ideológica estabelecida pelos partidos de direita, esquerda e centro, vamos tecendo o fio das nossas ideias e formando uma linha de pensamento mais abalizada em relação aos últimos acontecimentos do nosso país.
A pior das posições é ficar em cima do muro, como os membros do centro do parlamento francês. Mas, também não podemos assumir uma bandeira da qual não estamos convictos das suas reais intenções.
O estudo dos fatos históricos nos mostra com clareza os prejuízos causados pela ruptura de um processo democrático.
A corrupção deve ser combatida e a Constituição preservada em qualquer circunstância.
As instituições parecem aguardar as manifestações das ruas para balizarem seus posicionamentos.
Precisamos de instituições fortes e devemos confiar nelas, bem como denunciar seus excessos.
Neste contexto, recorro ao Barão de Gauville, quando da divisão do parlamento francês naquele período da revolução: ” nós começamos a reconhecer uns aos outros.”
Ciro Gomes quando alertou aos manifestantes sobre a importância do estudo de História, deixou uma mensagem clara da importância das manifestações conscientes e não puramente ideológicas.
Espero que na próxima manifestação a História possa nos ajudar a decidir se vamos usar o verde e amarelo, o vermelho, ou nenhuma delas.