São fortes as possibilidades de que o mesmo PMDB que desfralda a bandeira das reformas e pede o apoio da sociedade para corrigir os desacertos herdados dos governos do Partido dos Trabalhadores, venha desferir uma rasteira na massa apalermada.
Refiro-me ao reatamento entre o PMDB e o PT. Em alguns Estados, promessas de bem-querer vão atenuando a animosidade que os separou desde o início do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Há casos em que as partes já tratam, com desenvoltura, de arranjos eleitorais e de partilhas políticas.
É que mais uma vez o PMDB, o maior partido brasileiro em termos de afiliados e em número de governadores estaduais e de parlamentares na Câmara e no Senado, não consegue encontrar em suas próprias fileiras um nome capaz de arrebatar o entusiasmo de seus próprios dirigentes e, e muito menos o da população, nas eleições de outubro de 2018.
Nessas condições, se a Justiça não botar fim às aspirações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PMDB parece fadado a reeditar nas eleições do ano que vem sua histórica vocação de coadjuvante. Poderoso, é certo, mas coadjuvante.
Se assim for, o que importará ao PMDB será continuar a fazer o que sempre fez: eleger o maior número possível de governadores e manter poderosas suas bancadas na Câmara de Deputados e no Senado Federal na Legislatura 2019-2022.
Se não houve mudança radical no quadro político, o PT e o PMDB tendem ao entendimento em pelo menos oito Estados.
Um deles é o Ceará, do atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB) que pretende reeleger-se como senador em 2018. Para realizar sua aspiração, já se disse disposto a um acerto com o PT. Esse seria o apoio do candidato petista à Presidência da República.
Para explicar a situação paradoxal, Eunício recorre à lógica localista: “O PMDB é plural. Não tem essa história de não poder fazer aliança com A ou com B”, disse recentemente.
No eleitoralmente importante estado de Minas Gerais, o PMDB está também de braços abertos para uma coligação com o PT. O deputado Adalclever Lopes (PMDB), presidente da Assembleia Legislativa, explicou que o objetivo de seu partido é de manter os seis deputados no Estado e que, para isso, o melhor caminho seria uma composição com o PT.
A mesma conversa pode vir a se repetir em outras unidades da Federação. Até agora parecem inclinados a um alinhamento com o PT também os diretórios do PMDB em Alagoas, Piauí, Sergipe, Tocantins, Paraná e Goiás.