Em entrevista transmitida nesta segunda-feira (14) pela rádio portuguesa Renascença, o papa Francisco evocou a crise dos refugiados na Europa e o risco de que terroristas entrem no território europeu em meio aos migrantes. “Hoje as condições de segurança territorial não são as mesmas que antes. Temos uma guerrilha terrorista extremamente cruel a 400 km da Sicília”, disse o papa, em referência às situação na Líbia, onde atuam vários grupos armados, entre eles o Estado Islâmico (EI).
Francisco defendeu “medidas de precaução” para evitar que terroristas entrem facilmente na Europa. “Evidentemente, se chega um refugiado, temos que recebê-lo, mas com as medidas de segurança”, explicou.
A crise dos refugiados na Europa é apenas “a ponta do iceberg” de um sistema socioeconômico “mau e injusto”, na visão do papa Francisco. “Ali, onde se origina a fome, é necessário criar fontes de trabalho e de investimento. Ali, onde está a causa da guerra é preciso trabalhar para a paz”, afirmou o pontífice, que recordou ser filho de imigrantes italianos que se mudaram para a Argentina.
Três países europeus restabelecem controle de fronteiras
Depois da Alemanha, Eslováquia e Áustria anunciaram nesta segunda-feira o restabelecimento dos controles de fronteiras para conter o fluxo de migrantes no bloco. Na prática, esses países suspenderam temporariamente a aplicação do acordo Schengen, que institui uma zona de livre circulação sem controle de passaportes. Atualmente, 22 membros da União Europeia e quatro não-membros (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça) fazem parte do espaço Schengen. Os seis membros da UE não signatários do acordo são Bulgária, Romênia, Chipre, Croácia, Irlanda e Grã-Bretanha.
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, disse que a Alemanha foi obrigada a tomar essa decisão devido à “inação” dos europeus diante do problema de distribuição dos refugiados. Em duas semanas, a cidade de Munique recebeu 63 mil refugiados, tornando impossível para as autoridades locais identificar e cadastrar os candidatos a asilo.
EUA identificam ameaça contra o papa
Os Estados Unidos desativaram uma “ameaça” contra o papa Francisco, que chegará ao país em menos de dez dias. A revelação foi feita neste domingo pelo presidente da Comissão de Segurança Interna da Câmara de Representantes, Michael McCaul. “Vigiamos de muito perto às ameaças contra o Papa, que chegará ao país em pouco tempo. Em um caso em particular já agimos”, declarou o republicano à rede de televisão ABC, sem dar detalhes.
O papa Francisco gosta do contato com as massas que o recebem durante suas viagens, um ponto que preocupa as autoridades americanas, disse McCaul. “É um homem muito misericordioso, que gosta de estar com o povo. Isto tem uma correlação com grandes riscos em matéria de segurança”. McCaul disse que teve conhecimento da ameaça desativada durante uma reunião com o serviço secreto, a agência governamental encarregada da proteção dos dirigentes americanos e de algumas autoridades estrangeiras que visitam os Estados Unidos.
O papa Francisco prevê viajar aos Estados Unidos no dia 22 de setembro, visitando as cidades de Washington, Nova York e Filadélfia. “Vamos garantir sua proteção com muita aplicação”, afirmou McCaul.