Ontem (4), o Papa celebrou a Vigília Pascal na Basílica de São Pedro, convidando os católicos a aprender com as “discípulas” de Jesus o conhecimento do mistério da fé.
“Faz bem, nesta vigília noturna, ter tempo para refletir sobre a experiência das mulheres discípulas de Jesus”, disse ele, ressaltando que elas foram as primeiras a visitar o sepulcro de Jesus e encontrá-lo o vazio, enquanto que os homens permaneceram no Cenáculo. “As mulheres discípulas de Jesus nos ensinam o mistério da ressurreição de Cristo”, frisou. Esta menção em italiano das “discepole” é incomum, como se o Papa quisesse enfatizar o papel das mulheres em uma Igreja dominada por homens.
A missa da Vigília Pascal, que celebra a ressurreição de Jesus, é o ponto mais alto do ano cristão para os 1,2 bilhão de católicos. Para essa cerimônia muito solene e transmitida ao vivo para todo o mundo, o Papa entrou segurando uma vela na basílica após a bênção do fogo na praça. A grande nave imersa na escuridão foi acesa para significar a ressurreição de Cristo.
O Papa, em uma homilia sem referências às crises ao redor do mundo, explicou ainda que o mistério da Páscoa “não é um fato intelectual”, mas acessível através de uma atitude de humildade: “Para entrar neste mistério, é preciso humildade para descer do pedestal do nosso ego tão orgulhoso, de nossa presunção; ter a humildade de redimensionar, reconhecendo que somos na verdade criaturas, com qualidades e defeitos, pecadores que precisam de perdão”.
Compreender o mistério da Páscoa, acrescentou, também demanda “não ter medo da realidade: não se fechar sobre nós mesmos, para não fugir daquilo que nós não entendemos, não fechar os olhos para os problemas, não negá-los, não eliminar os pontos de interrogação”.
É preciso procurar sempre “um sentido imprevisível, uma resposta não trivial às perguntas” que questionam “a nossa fé, a nossa lealdade e nossa razão”, recomendou o pontífice.