O papa falou no final de um encontro de três semanas, conhecido como sínodo, onde bispos concordaram em uma abertura restrita para divorciados que se casaram novamente fora da Igreja Católica, mas rejeitaram pedidos de adoção de uma linguagem mais acolhedora em relação aos homossexuais.
Esse foi a mais recente de uma série de advertências do pontífice aos bispos, que ressaltou desde a sua eleição em 2013 que a Igreja 1,2 bilhão de membros deve estar aberta a mudanças, ao lado dos mais pobres e deve livrar-se da pompa e conservadorismo que tem afastado tantos católicos.
Em seu discurso final, o papa pareceu criticar ultraconservadores, dizendo que os líderes da Igreja devem enfrentar questões difíceis “sem medo, sem enterrar nossas cabeças na areia.”
Ele disse que o sínodo tinha “desnudado os corações fechados que freqüentemente se escondem por trás até mesmo dos ensinamentos da Igreja ou de boas intenções, a fim de se sentar na cadeira de Moisés e julgar, às vezes com superioridade e superficialidade, casos difíceis e famílias feridas.”
Ele também denunciou “teorias da conspiração” e as “visões limitadas” de alguns participantes no encontro, e disse que a Igreja não pode transmitir a sua mensagem para as novas gerações “às vezes incrustadas em uma linguagem que é arcaica ou simplesmente incompreensível”.
O resultado de um encontro no Vaticano, presidido pelo papa Francisco, marcou uma vitória dos conservadores na questão homossexual e dos progressistas sobre a espinhosa questão do novo casamento.
O documento final do sínodo reafirmou os ensinamentos da Igreja de que os gays não devem sofrer discriminação na sociedade, mas também repetiu a posição de que “não há qualquer fundamento” para o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que “não pode nem mesmo remotamente” ser comparado a uniões heterossexuais.
O documento indica que a assembleia decidiu evitar uma linguagem abertamente controversa e buscar o consenso, a fim de evitar impasse sobre os temas mais sensíveis, deixando para o papa lidar com os detalhes.
O sínodo é um órgão consultivo que não tem o poder de alterar a doutrina da Igreja. O papa, que é o árbitro final sobre qualquer alteração e que fez um apelo por uma Igreja mais misericordiosa e inclusiva, pode usar o material para escrever seu próprio documento, conhecido como um “exortação apostólica”.
Divorciados – O documento do sínodo, por outro lado, ofereceu alguma esperança para a plena reintegração à Igreja de alguns católicos que se divorciaram e se casaram novamente em cerimônias civis.
Sob a doutrina atual da Igreja, eles que não podem receber a comunhão, a menos que se abstenham de ter relações sexuais com seu novo parceiro, porque seu primeiro casamento ainda é válido aos olhos da Igreja e eles são vistos como vivendo em pecado do adultério.
A única maneira para que esses católicos possa casar novamente é se receberem a anulação –decisão de que seu primeiro casamento nunca existiu em primeiro lugar por causa da falta de determinados pré-requisitos, como a maturidade psicológica ou livre arbítrio.
O documento fala de um chamado “foro interno”, em que um sacerdote ou um bispo pode trabalhar com um católico que se divorciou e casou-se novamente para decidir conjuntamente, em particular e caso a caso, se ele ou ela pode ser totalmente reintegrados.
“Para que isso aconteça, as condições necessárias de humildade, discrição, amor à Igreja e seus ensinamentos devem ser garantidas em uma busca sincera da vontade de Deus”, disse o documento.