Venerado em romarias que atraem mais de 2 milhões de pessoas por ano a Juazeiro do Norte (CE), o Padre Cícero Romão Batista foi perdoado pela Igreja Católica após mais de um século de punição.
A reconciliação foi anunciada ontem (13) pelo dom Fernando Panico, bispo da Diocese de Crato (CE), que recebeu uma carta do Vaticano com a decisão do papa Francisco.
Conhecido popularmente como Padim Ciço, ele foi afastado da Igreja Católica após um episódio em 1889 que ficou conhecido como “milagre da hóstia”, no qual uma hóstia dada pelo padre a uma beata teria se transformado em sangue.
Nos anos seguintes, o padre foi proibido de confessar, pregar e administrar os sacramentos, além de celebrar missas. Em 1896, O Santo Ofício determinou que ele deixasse a cidade de Juazeiro do Norte, sob pena de ser excomungado.
As punições se seguiram até 1926, quando o padre foi suspenso definitivamente pela Igreja, que lhe retirou as ordens. Ele morreu em 1934.
Carismático, Padre Cícero tinha influência sobre a vida social e política na região de Juazeiro do Norte, onde hoje há uma estátua de 27 metros de altura em sua homenagem.
A reconciliação foi pedida ao Vaticano há nove anos por dom Fernando Panico e é o primeiro passo para a reabilitação de Padre Cícero. Caso seja reabilitado, o padre estará apto a ser beatificado e canonizado.
A carta, assinada pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, diz que o Padre Cícero “viveu uma fé simples, em sintonia com o seu povo”. A íntegra do documento será divulgada no próximo domingo (20) pela Diocese de Crato. Em uma rede social na internet, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT) afirmou que recebeu “com muita alegria a informação da reconciliação da Igreja Católica com o querido Padre Cícero Romão Batista, nosso Padim”.