Pior do que a crise é a dúvida.
A dúvida da economia. A dúvida que paira sobre o sistema político do país.
Estamos mergulhados numa dúvida sem fim.
Dilma será ou não afastada do cargo de presidente?
Eduardo Cunha fica ou não na presidência da Câmara?
Delcídio manteve contato ou não com os ministros do STF.
Ninguém acredita mais em nada.
Essa dúvida vem de longe. A História do Brasil na ótica do colonizador lusitano reconhece Cabral como descobridor do nosso país. Mas, os espanhóis Vicente Pinzón e Diogo Lepe aportaram por aqui antes dele.
Se naquela época a história do Brasil era contada de acordo com os interesses dos colonizadores, hoje, não é muito diferente. A grande mídia faz o papel da coroa portuguesa.
Crime é crime e tem que ser combatido. Com a mesma medida que se enquadra Delcídio tem que se enquadrar o Cunha.
O povo brasileiro não pode ser sacrificado pela falta de esperança. Pior ainda, pela falta de justiça.
Estamos cansados dos escândalos da classe política, estamos cansados de fraudes em jogos de loterias, estamos cansados da falta de imparcialidade dos grandes meios de comunicação, estamos cansados de rios de lama invadindo o mar.
Por mais oportuno que tenha sido o discurso da ministra Carmem Lúcia, de que o crime não vencerá a justiça, é preciso devolver ao povo brasileiro essa esperança de que ele também não será vencido pela dúvida.
Outro ponto fundamental na fala da ministra diz respeito a ação de criminosos. Ela afirma que a navalha da desfaçatez não passarão no cenário confuso entre a imunidade e a impunidade. Todavia, o povo precisa enxergar que o pau que dá em Chico dá em Francisco.
Mas do que nunca o povo brasileiro precisa recorrer ao maior expoente do racionalismo clássico, o filósofo francês René Descartes. É necessário rejeitar como falso tudo aquilo que possa ser posto em dúvida.
Assim, a dúvida tem o seu lado positivo, a descoberta de uma nova substância. E quem sabe o povo possa descobrir que é preciso trilhar caminhos tecidos pelo mesmo material que deu origem à sua própria existência.
Essa semana Pepe Mujica foi recebido no auditório da Universidade Federal de Santa Catarina na abertura da 11ª Conferência da Juventude Sobre Mudanças Climáticas.
Dois momentos da fala de Mujica merecem ser destacados. O primeiro quando conclama a juventude desse país a lutar por seus ideias: “Por favor, lutem. Não fiquem de braços cruzados. Se há esperança na vida, não há derrota, porque o triunfo também nunca é definitivo. Mas lembrem-se, vocês não podem ficar restritos à academia, precisam do calor das massas se desejam mudança”.
O segundo se refere a uma chama de esperança que serve como lição para o povo brasileiro. Mujica, ao falar para os alunos sobre a liberação da Maconha no Uruguai, ressaltou que tinha que fazer uma escolha, ou apoiar o narcotráfico ou combatê-lo. Ele preferiu a segunda opção e disse: “Todo vício é uma praga, exceto o amor”.
Os brasileiros também precisam fazer uma escolha. Ou apoiam o sistema político vigente no país, ou passam a combatê-lo.
Essa é a lição de Mujica. Todos passarão, exceto o amor!