Faz três anos neste domingo, 13, que o argentino Jorge Mario Bergoglio se tornou o 266º papa da Igreja Católica, adotando o nome de Francisco. Desde então, o mundo não se cansou de ser surpreendido por seus espontâneos sorrisos, sua simplicidade e seu jeito carismático de ocupar o tradicional “trono de Pedro”.
Ao longo da última semana, a reportagem do Estado ouviu cardeais, arcebispos, bispos, provinciais e outras autoridades do catolicismo brasileiro, com o objetivo de buscar o que seria a síntese, até o momento, deste pontífice – o primeiro sul-americano a ocupar o posto – que, mesmo com tão pouco tempo à frente do Vaticano, já intermediou mudanças como a volta das relações entre os Estados Unidos e Cuba e trouxe para o centro da Igreja a preocupação com o meio ambiente – graças à encíclica Laudato Si’, publicada em junho do ano passado.
“O papa Francisco tem ajudado muita gente a se aproximar de Deus e da Igreja. Um dos fatores mais importantes é o seu testemunho fiel, a sua coerência entre o que prega e o que vive. O testemunho é fator de credibilidade. Ele ensina por meio de gestos concretos”, avalia d. Sergio da Rocha, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo metropolitano de Brasília. “Além disso, a sua ênfase na misericórdia e no acolhimento faz com que muitos se sintam carinhosamente abraçados por ele e, através dele, pela Igreja.”
O presidente da CNBB frisa a “simplicidade” e a “misericórdia” nas palavras e nos gestos de Francisco. “A simplicidade do Papa Francisco, isto é o seu jeito simples e espontâneo, assim como a sua ênfase na misericórdia, tem repercutido bastante no modo de ser Igreja, hoje, especialmente na ação pastoral. Com a ajuda do Papa Francisco, a Igreja tem se apresentado como Mãe misericordiosa e acolhedora, como casa de portas abertas”, explica o arcebispo.
“É difícil resumir num exemplo as mudanças promovidas pelo papa Francisco na Igreja, mas creio que a principal delas é representada pela sua própria pessoa, com seu carisma, sua capacidade de comunicação, sua simplicidade e a constante busca de autenticidade e verdade”, comenta o cardeal d. Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo. “Ele tem um jeito muito próprio e é papa desse jeito… E todos percebem facilmente essa mudança.”
Para o cardeal Scherer, Francisco “é a pessoa providencial” para este momento da História. “Ele está ajudando a Igreja a estar mais voltada para Jesus Cristo e o Evangelho”, acrescenta o purpurado.
“O papa não busca ter uma imagem popular; ele é o que é. Acostumado a viver no meio do povo, quando vivia em Buenos Aires; acostumado a ser direto nos assuntos de que trata, ele levou esse seu jeito para a Igreja”, afirma d. Murilo Sebastião Ramos Krieger, arcebispo metropolitano de São Salvador da Bahia e primaz do Brasil, vice-presidente da CNBB. “A resposta do povo, e não só católico, tem mostrado que todos querem isso mesmo. Com isso, todos os setores da Igreja sentem-se chamados e motivados a serem, também, mais diretos, objetivos e transparentes.”
O vice-presidente da CNBB reconhece em Francisco um papel didático: o daquele que ensina “a importância do serviço”. “A Igreja está a serviço do povo; ela o serve apresentando-lhe a palavra do Evangelho. Os cargos e títulos são para o exercício desse serviço, e não em função da própria pessoa”, contextualiza d. Murilo. “Esse serviço deve ser feito com simplicidade, indo ao encontro do povo mais distante e sofrido. Portanto, servir significa ter um espírito missionário.”