Nova Russas, ontem, hoje e amanhã. Por Reginaldo Silva

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Nova Russas passou à condição de Vila no início do século XX, precisamente em 1901. Naquela época já era considerada uma Vila avançada dado o adiantamento comercial, as construções com padrões estéticos elevados para a época e uma vida social movimentada.

Quase 100 anos se passaram, neste 11 de novembro de 2019, o município vai comemorar 97 de Emancipação Política e os costumes resistem ao tempo. O comércio ainda é o sustentáculo da economia local, a exuberância das construções com seus padrões estéticos diferenciados demonstram o espírito vaidoso de seu povo e a vida social continua agitada.

Em 1910, Nova Russas avança economicamente com a chegada da estrada de ferro. Foi o primeiro surto de desenvolvimento econômico vivido pelo município. Aumenta a produção e escoação de produtos ligados ao binômio gado-algodão. A Emancipação Política viria pouco tempo depois, em 1922.

Na política, coronéis se revezavam no poder nos primeiros anos de Emancipação do município, o voto era de cabresto. Naquela época, não votavam: mulheres, soldados, religiosos, analfabetos e menores de 21 anos. Esse revezamento de coronéis no poder obedecia a lógica do poder na capital. À medida que mudava o comando no Estado, os municípios também tinham seus comandos alterados. Essa política permaneceu até o golpe de Getúlio, que instituiria um revezamento de poder por interventores.

Nova Russas passa por outro surto de desenvolvimento com o avanço da cultura do algodão, através da instalação de indústrias. A exemplo de muitas cidades do Ceará e do Nordeste, a produção de algodão trouxe riqueza, ocupação e renda. O desenvolvimento para o campo e às cidades, tanto que o algodão ficou conhecido como nosso “ouro branco”.

No campo político, após o período dos interventores, voltamos ao período democrático onde a população podia escolher seus representantes através do voto, agora secreto, para maiores de 18 anos, embora com algumas restrições. Os grupos políticos já eram outros, com uma mentalidade centralizadora, porém, menos coronelística, do ponto de vista de sua criação.

É impossível registrar 97 anos em poucas linhas, mas é preciso ampliar esse debate, sobre o futuro de Nova Russas. Não o futuro de um mandato eletivo, mais um futuro em torno de três décadas.

Quais são os maiores desafios que o município ainda enfrenta? Abastecimento de água, geração de emprego, juventude ociosa, políticas públicas na primeira infância, crescimento urbano planejado, déficit habitacional, incentivo cultural, educação de qualidade e acesso a saúde para todos.

A construção de uma sociedade é trabalhada por várias mãos, muitas delas invisíveis, mas que tecem o fio do novelo com a habilidade de um artesão; que pensa, elabora, projeta e executa a sua obra de arte.

Nova Russas é essa obra de arte, que precisa ser pensada e replanejada, após o fechamento do ciclo de seu centenário.

 *Reginaldo Silva: Professor, Radialista, Jornalista  e editor do Ceará Notícias

 

 

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