Nova Russas: Bolsonaro, Haddad e as lições do Calabouços. Por Reginaldo Silva

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Dentre os vários pecados citados no ato penitencial, a omissão é um dos piores. Neste domingo, o Brasil vive um momento crucial para consolidação da democracia brasileira e todos devem ir às urnas para manifestar suas crenças, valores, sentimentos e indignações.

Seja qual for o resultado ele deve ser respeitado. A democracia é nosso bem maior. O próximo governante da nação deve estimular a união das pessoas e não a incitação ao ódio, respeitar as diferenças e não criar um clima de nós contra eles, muitas vezes utilizando o santo nome em vão, seja qual for o candidato ungido pelo povo.

Ninguém aceita um País dividido pelo ódio.

A História nos mostra experiências traumáticas. O tiro no peito que levou a morte o estudante Edson Luis, em março de 1968, no restaurante Calabouços, no Rio de Janeiro, se tornaria um símbolo de luta, em defesa da vida, da liberdade, do direito de protestar contra aquilo que oprime e causa dor.

Quando os estudantes resolveram carregar aquele corpo ensanguentado em direção a Assembleia Legislativa do Rio, nem mesmo as autoridades do Regime Militar conseguiu tirá-lo de suas mãos, com medo de que ele não voltasse mais.

Aquele estudante de apenas dezessete anos, baixinho, de pele morena e cabelos pretos, de uma família pobre do Pará e órfão de pai, tornou-se um símbolo de luta contra um regime que reprimia a liberdade de pensamento.

Uma passeata que estava programada para ser realizada após sua missa de sétimo dia, na Candelária, foi dispersada por policiais militares e por soldados do exército que utilizaram a cavalaria para demonstrar a força da repressão.

Outras manifestações se desencadearam naquela período. A “sexta feira sangrenta” terminou com três mortos, dezenas de feridos e mais de mil prisões, até culminar com a passeata dos cem mil na praça da Cinelândia, no Rio de Janeiro.

O ultimo levantamento de dados para presidente realizado pelo Paraná Pesquisa aponta que a maioria dos eleitores de Bolsonaro, o escolheram porque representa a mudança e a luta contra Lula e o PT.

Por outro lado, os eleitores que escolheram Fernando Haddad, o fizeram porque não gostam das ideias de Bolsonaro e defendem a democracia. O medo da repressão e da volta de um possível Regime Militar aterroriza milhões de brasileiros. Sobretudo, aqueles que jamais aceitariam a implantação de um governo ditatorial.

Segunda-feira (29/10) esse artigo é matéria vencida, mas fica o registro que cinquenta anos depois da morte de Edson Luis, pessoas ainda carregam aquela semente de luta pela liberdade de pensamento.

O mais importante para um eleitor é saber se seis meses depois da posse de seu candidato, ele ainda tem condições de  defender publicamente as ideias do governante que ele ajudou a eleger.

Que seja feita a vontade soberana e democrática do povo!

 

 

 

 

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