Por Reginaldo Silva- Professor, Radialista e Jornalista

A visita do presidente Lula ao Ceará deixou claro que, no PT, não existe plano B para 2026. Na Terra do Sol, o petista jogou luz na dúvida, falou com entusiasmo, brincou, quebrou protocolo e reforçou seu carisma perante o povo cearense.
Lula acenou para o público feminino ao quebrar o protocolo do evento e convidar para fazer o uso da palavra, a secretária de Saúde do estado, Tânia Coelho. O gesto foi um aceno evidente a esse segmento, fundamental para qualquer projeto eleitoral. Lula, como ninguém, sabe jogar com a emoção do público.
Bem humorado, o presidente fez comparações, citando os ex-governadores Lúcio Alcântara, Cid Gomes, Camilo Santana e Elmano de Freitas, criando um clima descontraído, ao mesmo tempo em que estabeleceu uma linha de continuidade dentro do grupo político que comanda o Ceará há décadas. Lula também não perdeu a oportunidade de dar uma alfinetada no ex-presidente Jair Bolsonaro, trazendo a luz sua gestão na pandemia e em outras áreas que, segundo ele, foram um fiasco.
O presidente, no Ceará, usou e abusou do que tem de melhor; a comunicação a seu favor. Sua mensagem consegue penetrar e ser entendida por todas as camadas. Lula sabe mexer com esse lado emocional do público, habilidade que herdou e aprimorou desde os tempos de Duda Mendonça, estrategista que moldou sua ascensão política.
A viagem à região Nordeste tem objetivo definido. Lula chegou ao Ceará depois de participar de uma agenda de inaugurações no Rio Grande do Norte. Essa estratégia segue a lógica da “Reconquista Cristã”- longo conflito entre cristãos e muçulmanos pela recuperação da Península Ibérica- no contexto atual, Lula luta para reconquistar a região Nordeste e a partir daí voltar a crescer no resto país.
Assim, o PT vai definindo um rumo e observando o que acontece no mundo a sua volta. Independente do resultado do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, o PT aposta na tese de que o PL terá um candidato para própria sobrevivência do clã Bolsonaro. O centro deve partir dividido, porque não acredita mais em um cenário polarizado. Dois fatores corroboram essa teoria do centro, a queda de popularidade do presidente Lula e o fiasco da mobilização em Copacabana liderada por Bolsonaro.
No campo da centro direita surgem os nomes de Romeu Zema, Eduardo Leite, Ronaldo Caiado, Tarcísio de Freitas ou Ratinho Júnior e Pablo Marçal, eles buscam um caminho diferente da polarização, mas correm o risco de repetir o erro do PDT de Ciro Gomes em 2022 – de ficarem isolados e sem viabilidade eleitoral.
Na entrevista à revista Veja, o governador do Ceará foi enfático em dizer que não existe plano B, em relação a eleição presidencial. Questionado sobre a possibilidade de Lula não concorrer, se o ministro Camilo Santana poderia ser uma alternativa na disputa para presidente, Elmano foi categórico: “o presidente Lula é o nosso candidato à reeleição e chegará muito forte no ano que vem”.
O cenário político de 2026 ainda está nebuloso, mas a movimentação de Lula e de seu grupo político deixa poucas dúvidas sobre seus planos.
Para quem ouviu o discurso de Lula no Ceará e acompanhou a entrevista de Elmano à revista Veja, fica patente que não existe plano B, o PT tem um único candidato em 2026, e seu nome é Luiz Inácio Lula da Silva.