A Polícia Civil apresentou nesta quinta-feira (10/9) a conclusão do inquérito do acidente que matou o cantor Cristiano Araújo e sua namorada, Allana Moraes. O motorista Ronaldo Miranda, de 42 anos, foi indiciado por homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar. Ele pode pegar de dois a quatro anos de prisão.
Para o delegado Fabiano Jacomelis, que liderou as investigações desde o dia do acidente, na madrugada do dia 24 de junho, três fatores foram determinantes para o indiciamento do motorista.
“Ele foi negligente por ter aceitado dirigir o veículo que estava com defeito nas rodas, imprudente pelo excesso de velocidade e por transportar passageiros sem o uso do cinto de segurança”, disse.
“A gente considerou que ele teve culpa consciente. No íntimo dele, não acreditava que esse evento poderia acontecer, tanto que estava no veículo”, completou Fabiano.
O motorista vai aguardar pelo processo em liberade. O delegado informou que não fez o pedido de prisão por Ronaldo ter contribuído com as investigações.
‘Vaidade’
Durante a apresentação do inquérito, que ocorreu no auditório da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), peritos envolvidos explicaram cada detalhe do acidente. O trabalho de investigação contou com a análise de um veículo com as mesmas características e ano de fabricação, concedido por uma empresa que comercializa a marca.
Ronaldo disse durante o depoimento à polícia que momentos antes do campotamento ouviu um barulho, como se um dos pneus da Range Rover Sport tivesse estourado. “O pneu não estourou. O que aconteceu foi o deslocamento do pneu, que saiu do eixo. A ruptura abrupta gerou esse barulho, que poderia sim ser confundido com um estouro”, comentou a perita criminal Kárita Fortes.
As rodas do carro de Cristiano Araújo não eram originais e estavam fora do padrão de segurança recomendado pela fabricante. “Elas eram bonitas, mas só. Foi o preço da vaidade”, disse a perita ao explicar que foram observadas dez soldas somente na roda traseira direita. Esta foi a peça com mais avarias.
Nas fotos mostradas pela equipe, é possível perceber que o pneu se soltou da roda, pois rasgou no formato de uma circunferência. “Consequência das soldas”, disse Kárita ao completar que baixa pressão e/ou sobrecarga podem ter causado o acidente.
Ficou comprovado que a Range Rover rodava a 179 km/h momentos antes de capotar. Todos os airbags foram acionados e os cintos de segurança tensionados – Cristiano e Allana não faziam o uso do equipamento. No momento em que o freio ABS foi acionado, o veículo estava a 120 km/h. Depois disso, saiu da pista e capotou. A velocidade máxima permitida na rodovia é de 110 km/h.
Acidente
O acidente que resultou na morte de Cristiano Araújo e de Allana Moraes foi registrado na madrugada de 24 de junho, quarta-feira, na BR-153, entre Goiatuba (GO) e Morrinhos (GO). O veículo saiu da pista e bateu no canteiro central, causando o capotamento.
Allana, que estava sem cinco de segurança, foi arremessada para fora do carro e morreu no local.
O cantor, que também não usasa cinto de segurança, foi socorrido e encaminhado por uma ambulância até a capital goiana, mas não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). A causa da morte do sertanejo, segundo o Instituto Médico Legal (IML), foi hemorragia interna.
O carro era conduzido por Ronaldo Miranda. Vitor Leonardo Miranda, assessor e amigo de Cristiano, estava no banco do passageiro