Maduro sofre pressão para decidir o que fazer com Guaidó

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É evidente que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro,  conserva a maior parte do poder militar mesmo após a tentativa de sublevação incitada pelo o líder opositor e autoproclamado presente Juan Guaidó . Temos de nos dar conta de que a cúpula militar e diversas guarnições em toda a Venezuela e em todas as armas – Exército, Marinha, Aeronáutica, Milícia Bolivariana e Guarda Nacional – apoiaram o presidente Maduro frente à intentona militar de terça-feira (30/04)

Há que se perguntar por que razão isso ocorreu e creio que vários fatores coincidem. Primeiro, havia indícios de um plano parecido para esta quinta-feira e, por alguma razão – especula-se que o governo poderia prender Juan Guaidó e alguns membros da cúpula chavista acabaram desistindo de última hora –, isso foi antecipado.

A segunda hipótese é que o plano de Guaidó, também presidente do Parlamento venezuelano, consiste em abrir uma espécie de fenda nas Forças Armadas Bolivarianas. A experiência histórica nos mostra que movimentos não necessariamente vitoriosos abrem caminho para uma sublevação militar em larga escala. Foi o caso do presidente Salvador Allende no Chile, em 1973. Houve movimentos em julho até que, em setembro, sua derrubada foi concluída sob o comando de Augusto Pinochet.

A terceira possibilidade é que os fatos de ontem tinham como objetivo criar as condições para uma intervenção dos Estados Unidos e de seus aliados contra Nicolás Maduro. Em todo caso, o governo chavista conseguiu controlar a situação.

O problema do chavismo agora não é mais responder à intentona. É o que fazer com os opositores Juan Guaidó e com Leopoldo López. O governo de Washington pode interpretar qualquer reação de Caracas como uma provocação.

Se Guaidó vai preso, os Estados Unidos o considerarão um refém e poderão pensar em uma operação militar para libertá-lo. O maior problema de Maduro não é a insurgência militar, mas sim o que fazer com Guaidó.

Por razões de Estado e por pressões de seus colaboradores mais leais, o presidente Maduro já não pode tolerar mais Guaidó e precisa tomar uma decisão. Se ele não fizer nada, corre o risco de se transformar em uma figura muito fraca, abrindo caminho para o setor militar ampliar seu controle sobre o Palácio de Miraflores, a sede do governo./AE

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