Com a promessa de realizar cortes radicais para reduzir o tamanho do Estado argentino, o libertário Javier Milei, um neófito na política local, rompeu a bolha e será o novo presidente do país a partir de 10 de dezembro. A eleição na Argentina é histórica porque desde a redemocratização, em 1983, pela primeria vez o país não será governado por um peronista ou pela oposição tradicional de centro-direita.
Milei derrotou o governista Sergio Massa com uma vantagem histórica mesmo sem contar com a máquina do governo peronista, especialmente o apoio de prefeitos e governadores espalhados pelo interior da Argentina. Com 97,7% das urnas apuradas, Javier Milei teve 55,76% dos votos, e Massa teve 44,23% – a maior vantagem de um candidato a presidente nas eleições recentes na Argentina, e uma derrota histórica para os peronistas. Milei teve 14,2 milhões de votos, ante 11,3 milhões de Massa.
“Hoje começa a reconstrução da Argentina. É uma noite histórica para a Argentina”, disse Javier Milei em seu primeiro discurso como presidente. Adotando um tom sereno e centrado, sem sinais de rompantes que marcaram sua carreira política, Milei agradeceu sua irmã, Karina Milei, sua equipe, e ao ex-presidente argentino, Mauricio Macri e à sua rival no primeiro turno, Patricia Bullrich, pelo apoio. “Hoje começa o fim da decadência da Argentina. Hoje é o fim da ideia de que o Estado é um espólio a ser compartilhado entre políticos e seus amigos. Hoje voltamos a abraçar as ideias de liberdade. A decadência chegou ao fim.”
Após ser anunciada a vitória de Milei, mesmo sem o término oficial da eleição, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), desejou bom êxito ao novo governo e diz que a democracia é a voz do povo e deve ser respeitada.