O ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, pediu demissão nesta sexta-feira, um dia antes da convenção nacional do PSDB. O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), relator da CPMI da JBS, assumirá o lugar do tucano Imbassahy, cuidando da articulação política com o Congresso num momento em que o governo enfrenta muitas dificuldades para votar a reforma da Previdência na Câmara.
“Agora precisamos novamente do apoio do Congresso para avançar com a reforma da Previdência, garantindo sustentabilidade ao sistema em benefício das próximas gerações”, escreveu o ex-ministro, que reassumirá seu mandato de deputado federal.
Na carta, Imbassahy não menciona o racha do PSDB, que neste sábado elegerá o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para a presidência do partido. Até agora, os tucanos estão divididos e a maioria da bancada não aprova as mudanças propostas por Temer para a aposentadoria.
Ao dizer que “novas circunstâncias se impõem no horizonte”, o ex-ministro afirma que o PSDB “decidiu apoiar o governo sem contrapartida alguma, além de um compromisso programático”.
Na prática, a saída de Imbassahy da equipe dilui o impacto político da convenção do PSDB. “Essa questão do desembarque do governo é página virada”, disse o líder da bancada do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP).
O titular das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, será o único tucano que permanecerá no governo. O Estado apurou que a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, também deixará o cargo. Criticado por partidos do Centrão – principalmente pelo PP, que chegou a dar um “ultimato” a Temer -, Imbassahy é o segundo ministro do PSDB que pede demissão. O primeiro foi Bruno Araújo, que comandava o Ministério das Cidades, e em novembro deixou a equipe, sendo substituído por Alexandre Baldy, prestes a se filiar ao PP.
CARTA DE TEMER
Após receber o pedido de demissão de Imbassahy, Temer agradeceu o tucano, a quem chamou de “prezado amigo”. Pressionado pela ala governista do PSDB, o presidente chegou a “segurar” o ministro por alguns dias, depois que, em 22 de novembro, houve o “vazamento” da informação de que Marun iria para o seu lugar. A posse do peemedebista na Secretaria de Governo chegou a ser anunciada pelo Twitter oficial do Palácio do Planalto, sem que Temer tivesse conversado com Imbassahy sobre sua saída naquele dia.
“Os momentos difíceis a que você alude na carta foram enfrentados todos por mim, mas com seu apoio permanente. A sua ponderação, o seu equilíbrio e a sua firmeza foram fundamentais para que não só atravessássemos momentos delicados, mas especialmente porque o Brasil não parou. Eu, o Governo e o País devemos muito a você”, afirmou o presidente, nesta sexta-feira, em carta enviada ao agora ex-ministro. No fim da mensagem, Temer disse ter certeza de que, no Parlamento, Imbassahy “continuará a defender os interesses do Brasil”.
(ESTADÃO)