Acabou em caô a passagem de Paolo Guerrero pelo Flamengo. A expressão carioca utilizada para exaltar o atacante em canção cantada a plenos pulmões no Maracanã ajuda a definir o fim de uma trajetória de três anos, mais gols do que o costume e poucos títulos do ídolo peruano. A suspensão por 14 meses imposta pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) por testar positivo em exame antidoping ultrapassa o prazo do contrato (10 de agosto) e a tendência é que o atacante não vista mais rubro-negro.
Reconhecido por sua qualidade técnica, Guerrero não passou despercebido pelo Ninho do Urubu. Primeiro grande investimento da gestão Bandeira de Mello, chegou nas graças da torcida já pelo fato de trocar o Corinthians, onde era ídolo, pelo Flamengo. O desempenho, entretanto, não foi capaz de alçá-lo ao posto de ídolo do clube da Gávea na oscilante história que se aproxima do fim.
Com a nova punição, a tendência é que o Flamengo repita o procedimento de suspensão do contrato até o fim. As conversas por uma renovação também estão interrompidas e a proximidade do encerramento da gestão atual apontam para outro rumo no futuro do atacante que completa 35 anos em janeiro.
Os números não chegam a ser impressionantes, mas Paolo Guerrero foi goleador no Flamengo como nunca tinha sido na carreira. Com 43 gols, teve média de 0,38 por jogo em 111 aparições. Ao balançar as redes 20 vezes na temporada passada – encerrada mais cedo por conta da suspensão -, atingiu sua melhor marca como profissional. Os 18 marcados em 2016 também já representavam um recorde, igualando o número pelo Corinthians em 2013.
Apesar disso, Guerrero sempre sofreu questionamentos por não ser um centroavante nato. No último Brasileirão, por exemplo, foram apenas seis gols marcados, sendo três em apenas um jogo, diante da Chapecoense.
Guerrero vê seu primeiro contrato com o Flamengo chegar ao fim com apenas um título conquistado: o Carioca de 2017. Primeiro grande investimento da gestão Bandeira de Mello, Paolo deixou a desejar. Por mais que tivesse sido craque e artilheiro da conquista estadual, não foi capaz de fazer a diferença em competições importantes e viu o Rubro-Negro ser coadjuvante em Brasileirões e amargar a eliminação na primeira fase da Libertadores.
No ano passado, ficou fora da primeira partida da decisão da Copa do Brasil por estar suspenso e viu o Cruzeiro levantar o troféu no Mineirão de dentro de campo. Repetiu a ausência na Copa Sul-Americana a partir das quartas de final, desta vez já por conta do caso de doping.
A performance define a diferença entre um grande jogador que vestiu a camisa do clube e um ídolo. Guerrero será lembrado, mas está distante do panteão rubro-negro.
Jejum contra o Vasco
A ausência de títulos de expressão não é o único buraco na trajetória de Guerrero pelo Flamengo. O peruano vê o contrato de três anos se encerrar sem balançar as redes do maior rival. Foram nove jogos e nenhum gol marcado diante do Vasco. Neste período, protagonizou polêmicas com o ex-zagueiro vascaíno Rodrigo ao trocar provocações e viu ainda o rival eliminar o Flamengo da Copa do Brasil de 2015 e do Carioca de 2016.
Bate-boca isolado; reverências constantes
A empatia entre Guerrero e a torcida do Flamengo foi imediata. Nos três anos de clube, foi praticamente imune às críticas e logo ganhou música que caiu no gosto do povo, fazendo sucesso no Maracanã: “Acabou o caô, o Guerrero chegou! O Guerrero chegou!!!”. Na volta após cumprir seis meses de suspensão, há pouco mais de uma semana, diante do Inter, foi ovacionado e recebeu carinho no pior momento da carreira.
O ponto fora da curva foi o bate-boca com um torcedor após críticas em um desembarque no aeroporto Santos Dumont. Na ocasião, em agosto do ano passado, o peruano não gostou de protestos que insinuavam falta de comprometimento dos jogadores e rebateu:
Doping
Ao testar positivo para a substância benzoilecgonina, após jogo com a Argentina pelas eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia, Paolo Guerrero se viu no pior momento da carreira. O fim precoce de sua melhor temporada pelo Flamengo o transformou em ausência também para o Peru na repescagem das eliminatórias e, por fim, na Copa do Mundo da Rússia.
A longa batalha para provar sua inocência teve capítulo final na tarde de segunda-feira, quando o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) ampliou de seis para 14 meses sua punição. Entre o último julgamento e o veredito, Guerrero ainda entrou em campo três vezes pelo Flamengo, contra Inter, Ponte Preta e Chapecoense. Na Arena Condá, marcou um gol, que, muito provavelmente, é o último com a camisa rubro-negra./ge