O jogo desgastante na quinta-feira passada, contra o Estudiantes, pela Libertadores, fez o treinador mudar cinco jogadores. Royal, Viña, De la Cruz, Carrascal e Bruno Henrique entraram no time. A grande novidade foi Carrascal na função que costuma ser exercida por Plata e Luiz Araújo. O colombiano foi o destaque do Flamengo, mas demorou a aparecer no jogo.
Muito em função da dificuldade que o time carioca teve de encaixar a marcação na saída de bola do Corinthians. Raniele encostou nos zagueiros, e o adversário formou um trio defensivo que conseguiu circular a bola sem ser incomodado pelos atacantes rubro-negros. Desajustado na pressão, o Flamengo viu o rival superar a primeira linha de marcação com facilidade e explorar bem o corredor na costa dos seus defensores. Foi aí que o time paulista conseguiu ter volume e levar perigo.
Não controlamos a profundidade e foi o que eles exploraram com bola nas costas da nossa linha defensiva e acabaram machucando bastante a nossa defesa. Fomos mal nesses primeiros minutos — analisou Filipe Luís.
Raramente, o Flamengo fez um primeiro tempo tão desorganizado como foi na Neo Quimica Arena. O time não se encontrou taticamente e se posicionou mal, tendo que correr atrás do Corinthians nos primeiros 40 minutos de jogo. A desconexão dos jogadores rubro-negros só não foi prejudicial por causa da ineficiência corintiana, que perdeu boas chances de transformar o volume em gols.
A melhor delas aconteceu aos 13 minutos, com Yuri Alberto cobrando pênalti mal, de cavadinha, nas mãos de Rossi, que defendeu sentado. O goleiro do Flamengo cresceu no jogo, e o atacante empilhou chances desperdiçadas. Chegou pelo menos três vezes em boas condições, mas não teve êxito nas conclusões. Os problemas do Fla no lado direito da marcação facilitaram a vida do adversário. Com Carrascal ainda se adaptando à nova função no ataque, os defensores ficaram sobrecarregados e viram Yuri escapar por aquele lado.
Se sem a bola o Flamengo não teve sucesso na pressão ao adversário, com a bola o time de Filipe Luís também foi nulo. Arrascaeta e Saúl não foram encontrados no campo e, quando foram, erraram passes e quebraram a transição rubro-negra. Em 40 minutos, o Fla conseguiu uma finalização, para fora, contra 10 do Corinthians. Depois disso, a situação mudou.
— A frustração por não poder recuperar a bola fazia com que nossa posse também fosse ruim por erros técnicos, erros individuais, pela perna pesada, pelo desgaste de correr para trás. A partir da correção, passamos a controlar melhor e, nos últimos minutos, fomos melhor do que quando começamos — avaliou o treinador rubro-negro.
Das cinco finalizações que o Flamengo conseguiu no segundo tempo, quatro foram depois dos 40 minutos. Arrascaeta e Samuel Lino tiveram boas chances. A mudança começou com o ajuste de Filipe Luís na pressão na saída do Corinthians e na movimentação do trio de ataque. Lino passou a liberar o corredor e cair por dentro, abrindo espaço para o Fla criar mais.
Mesmo com o gol de Yuri Alberto no primeiro minuto do segundo tempo, o Flamengo não se desequilibrou e manteve a melhora. Aproveitou a superioridade técnica do elenco, com as trocas de Filipe Luís, para se recuperar. Encaixou a pressão na saída do Corinthians, impondo mais dificuldade aos zagueiros adversários, passou a trocar mais passes e a se movimentar melhor na frente. E o fundamental: chamou Arrascaeta e Carrascal para o jogo.
A bola trocou de pé. O Corinthians não conseguia mais fazer as ligações nas costas da defesa rubro-negra. O Flamengo, por sua vez, encaixou as triangulações. Foi superior e, diferentemente do Corinthians, transformou o volume em gols. De pé em pé. De Samuel Lino para Carrascal e para Arrascaeta, que dominou de pé direito e bateu de pé esquerdo, aos 9 minutos.
A mudança de postura é refletida nos números do segundo tempo. Em 40 minutos, o Flamengo conseguiu sete finalizações contra três do Corinthians. Aos 41, foi eficiente mais uma vez: de Plata para Carrascal e para Luiz Araújo, que finalizou de primeira para virar o placar. Além do gol, o adversário não conseguiu acertar a meta de Rossi, que apenas assistiu ao jogo na etapa final.
A maturidade fez o Flamengo aproveitar a rodada perfeita, que contou com as derrotas de Cruzeiro (vice-líder) e Palmeiras (terceiro colocado). Com 54 pontos, o Fla recebe o Cruzeiro na próxima quinta-feira, no Maracanã, com a chance de abrir ainda mais distância para um concorrente direto ao título. O time rubro-negro é líder absoluto do Brasileirão./ge
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