Definitivamente Bolsonaro não está sabendo lidar com esse novo inimigo. O coronavírus não participou do petrolão, do mensalão e não cometeu nenhum ato de corrupção no País. A tropa bolsonarista foi treinada para combater Lula, o PT e a corrupção. Jamais imaginavam combater um inimigo invisível e que causa estragos no País e no mundo inteiro. É impossível criar uma narrativa de que o novo inimigo foi uma invenção petista.
Bolsonaro sabe que o seu sustentáculo é a economia, como o novo inimigo, ameaça destruir sua estrutura de poder, ele dobra a aposta. O presidente insiste em receitar um remédio que ainda não tem comprovação científica de sua eficácia, no caso da cloroquina, depois aposta que o clima tropical pode fazer o vírus sofrer mutações e não resistir as intempéries do País, fato que também não tem comprovação científica.
Assim, restou ao presidente dobrar aposta contra governadores pedindo o fim do isolamento social a favor da economia. Bolsonaro tinha que criar uma nova polarização para sobreviver. Sem o PT como inimigo, a polarização ficou entre a vida e a economia. Ora, uma não exclui a outra, as duas são formas importantes de sobrevivência do ser humano, o que precisa se fazer neste momento é continuar tomando medidas concomitantes que possam salvar a vida e a economia.
O governo precisa liberar recursos para as famílias carentes, em especial as do Bolsa Famílias e para aquelas que estejam registradas no castro único. Aqueles estados que já registram mortes é importante que continuem tomando medidas mais duras de isolamento social, enquanto aqueles que ainda não registram óbitos podem ter medidas mais flexíveis, levando-se sempre em consideração a importância do isolamento social neste momento. O inimigo é novo e não existem certezas pela frente, apenas dúvidas.
Pedir que as pessoas rompam o isolamento social em nome da economia neste momento é um ato de irresponsabilidade. E se morrerem milhares de pessoas em nome da Economia e, em seguida, não houver recuperação do setor e do emprego, quem vai se responsabilizar pelas vidas perdidas? Não se trata de priorizar uma em detrimento de outra, é preciso agir simultaneamente para salvar os dois.
Bolsonaro já arrumou brigas com o Congresso, STF, Imprensa, ambientalistas, segmentos culturais e agora com a comunidade científica que defende o isolamento social como forma de conter uma pandemia mortal. A aposta de Bolsonaro foi dobrada em nome do salvamento de um governo que sobrevive da polarização, se ele estiver certo, aniquila todos os seus inimigos, se estiver errado, milhares de inocentes pagarão com a vida o preço de ter feito uma escolha insensata.