Dominguetti reafirma que Roberto Dias pediu propina: “US$ 1 a dose”

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Luiz Paulo Dominguetti Pereira, suposto representante da empresa de vacinas Davati Medical Supply, reafirmou na Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid ter recebido a proposta em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde.

Segundo Dominguetti, que deu entrevista à jornalista Constança Rezende, do jornal Folha de S.Paulo com essa informação, repetiu que o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, durante um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, região central da capital federal, teria pedido a propina, no dia 25 de fevereiro.

“O pedido foi exclusivamente de Roberto Dias. O valor era de um dólar por dose. Oferecemos a US$ 3,50 a primeira proposta. A Davati estava ofertando ao Ministério da Saúde 400 milhões de doses”, disse Dominguetti.

A suspeita de pedido de propina de US$ 1 por dose de imunizante contra o novo coronavírus fez com que a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid antecipasse a vinda de Dominguetti. Assim, ele está sendo ouvido nesta quinta-feira (1°/7), em lugar de Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, empresa intermediária nas negociações entre o laboratório indiano Bharat Biotech, que produz a vacina Covaxin, e o Ministério da Saúde.

No início do depoimento, Dominguetti disse que havia um acordo inicial verbal onde tinha o consentimento da Davati para que representasse a empresa na negociação com o Ministério da Saúde. “O CEO da Davati solicitou a minha inclusão na proposta ao ministério, para validar”, contou, referindo-se a Cristiano Alberto Carvalho.

Dominguetti garantiu ter relação de intermediação com a Davati e, assim, começou os contatos com o Ministério da Saúde. “Estive três vezes no Ministério da Saúde ofertando as vacinas. Nossa parceria começou em janeiro e foi oficializada mesmo em meados de abril”, apontou.

“Roberto Dias sempre pôs o entrave no sentido que se não se majorasse a vacina na aquisição por parte do ministério. Na conversa, ele disse que a pasta dele tinha o orçamento que poderia compor a compra da vacina”, continuou.

Dominguetti deu detalhes do encontro. Ele disse ter sido apresentado ao ex-diretor de Logística pelo tenente-coronel Marcelo Blanco. “Não tinha o contato, nunca conversei com Roberto Dias. Não o conhecia. Era entre Blanco e o CEO da Davati. Até que sugeriram uma vinda minha a Brasília para tratar dessa aquisição dessas vacinas”.

Dias foi exonerado na manhã desta quarta-feira (30/6). O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, nomeou o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes como substituto eventual.

Ao jornal, Dominguetti afirmou que a empresa Davati buscou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca com proposta de US$ 3,5 por dose (depois disso, passou a US$ 15,5). “O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa”, afirmou o depoente desta quinta./ MT

 

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