Durante audiência da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados que debateu políticas de enfrentamento ao uso do crack e outras drogas, nesta quarta-feira (7), foram cobrados resultados efetivos dos programas do governo e apresentadas ações em andamento.
Na avaliação do deputado Alexandre Baldy (PTN-GO), presidente da comissão e autor do requerimento para o debate, o problema das drogas é um dos maiores desafios da segurança pública no Brasil.
Baldy cobrou os resultados das ações do governo para que se justifique o investimento nos programas. “Nós não temos hoje identificada uma diretriz. Não temos sequer resultado dos investimentos que foram realizados em anos anteriores pelo governo federal. Nós precisamos debater, mas precisamos rapidamente.”
De acordo com o deputado, é desejo da Câmara que se encontre uma política clara e eficiente que vise investir no combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas, além do tratamento dos usuários.
Já para a especialista em políticas públicas Cinthia Lociks, a falta de informações sobre resultados não pode impedir o andamento desses programas, e um dos desafios é investir mais em monitoramento e avaliação.
“Hoje nós não temos disponíveis resultados, dados, informações consistentes sobre o impacto dessas ações. O outro problema é a implantação de uma forma pulverizada nos territórios, por adesão espontânea dos municípios.”
Programas
Entre as ações de enfrentamento ao uso de drogas estão programas inspirados em experiências de outros países. É o caso do “Tamo Junto”, que estabelece uma dinâmica de grupo com jovens.
Outra ação é voltada à formação de profissionais para acompanhar famílias e adolescentes. Segundo Rafael Alloni, coordenador da Secretaria Nacional de Política sobre Drogas, do Ministério da Justiça, o tema passou a ser prioridade a partir de 2010. Neste ano, adotou-se um plano integrado de enfrentamento ao crack, que foi relançado em 2011 com orçamento maior, alcançando R$ 4 bilhões.
Alloni destacou que, atualmente, as ações foram incorporadas ao Plano Plurianual. “Há muita dificuldade, há muito a ser feito. O Brasil é grande, requer uma política intersetorial extremamente complexa, mas acho que temos muitos programas com resultados positivos, baseados em metodologias indicadas pelas Nações Unidas”.
Crime organizado
Chefe da Divisão de Operações de Repressão a Drogas da Polícia Federal, Alexandre Custódio Neto ressaltou que a PF tem foco na desarticulação de quadrilhas.
“Até novembro, apreendemos 206 toneladas de maconha e 37 toneladas de cocaína. Já é o segundo ano com maior apreensão na Polícia Federal, em cocaína. Neste ano batemos o recorde de operações especiais, nas quais desarticulamos uma organização criminosa, nosso foco principal. Para nós, mais importante que a apreensão é desarticular o grupo organizado para a prática do delito.”