Crise no PDT: a pressão não é de Cid, são os prefeitos que querem segurança partidária. Por Reginaldo Silva

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(FILES) In this file photo taken on June 06, 2018, Ciro Gomes, Brazilian presidential candidate for the Democratic Labor Party, gestures during an interview for the Correio Braziliense newspaper in Brasilia. Gomes will run for the Brazilian presidency for the third time on October 7, 2018, trying to fill the vacuum left by Brazilian former president (2003-2011) Luiz Inacio Lula Da Silva, who led the vote intention even after being imprisoned. / AFP PHOTO / EVARISTO SA

Por Reginaldo Silva- Professor, Radialista e Jornalista

A crise no PDT cearense abre uma nova página a cada novo encontro do partido e segue sem definição. A ala cirista diz que a tentativa de tirar André Figueiredo da presidência estadual da legenda antes do término do prazo legal chega a ser um “golpe”. Outros falam em independência do partido em relação a gestão do governador Elmano de Freitas, ressaltando que a sigla precisa de autonomia.

Para entendermos um problema, é preciso identificar a raiz do problema. A relação entre PT e PDT, liderada por Cid e Camilo governou o estado por 16 anos e tudo transcorria dentro da normalidade, até a ideia fixa de Ciro em montar um palanque puro no Ceará. A literatura já nos ensinava o caminho da ideia fixa. Em Memórias Póstumas de Braz Cubas, Machado já dizia que ela pode nos levar à glória ou ao infortúnio.

O palanque puro foi montado, Roberto Cláudio foi para a eleição, houve rebelião de prefeitos que não compraram a ideia e o resultado foi desastroso. O partido se quer chegou ao segundo turno das eleições em 2022 no Ceará.

Camilo e Elmano saíram vencedores do pleito puxados pela liderança de Lula e fortalecidos pelo silêncio de Cid que se ausentou da campanha. A grande maioria dos prefeitos do interior do estado, declararam apoio a chapa de Camilo e Elmano. Sem a liderança de Cid na linha de frente, como ocorria em eleições anteriores, gestores fizeram suas escolhas ratificadas por deputados estaduais e federais que apoiaram a chapa vencedora.

De lá para cá, não foi mais possível emendar as pontas e, a cada novo encontro, o problema aumenta. A vinda de Lupi ao Ceará para tentar contornar a situação não surtiu efeito, chegou de malas vazias e voltou com elas cheias de abacaxis para descascar. Sua voz mais eloquente soou pelos quatro cantos do Ceará: “não é fácil” vou procurar o Camilo e o Elmano para conversar. Lupi é mais cirista do que cidista.

Mais tem uma coisa que o PDT de Ciro, Roberto Cláudio, André Figueiredo e José Sarto ainda não entenderam. Não é Cid que está tentando dá um golpe e tomar a presidência do partido, ele está se antecipando a um problema que ainda não veio à tona. Essa ala está preocupada apenas com a eleição da capital e está esquecendo o interior. A maioria dos prefeitos do PDT, acompanharam o governador Elmano na última eleição e não estão seguros no partido em meio a essa crise, ficam em dúvida, se terão legenda ou não em meio a esse conflito interminável, por essa razão, estão pressionando Cid que essa decisão saia agora em julho.

Gato escaldado tem medo de água fria, muitos gestores assistiram o que foi feito com uma governadora no exercício do mandato, a ela foi negado pelo partido o direito de concorrer a reeleição, imagine o que pode ser feito com um prefeito. Portanto, a pressão não é de Cid, a pressão é interna de prefeitos e vereadores que irão entrar na arena eleitoral do próximo ano sem a confiança plena na legenda. Existe um receio de retaliações de gestores que foram contrários a esse grupo na eleição passada.

A briga pelo comando estadual do PDT, não é pelo apoio ao governo Elmano, é por uma questão de sobrevivência, ou Cid assume ou haverá uma debandada de gestores para outras legendas. Lembram da lição de Machado de Assis sobre ideia fixa? Não existe meio termo, ou a glória ou o infortúnio.

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