Quis o destino que a primeira visita de Rogério Ceni ao São Paulo na condição de adversário não acontecesse no Morumbi, palco da maioria dos grandes feitos do Mito com a camisa do clube. O Fortaleza, que voltou a ser dirigido por ele na semana passada após a breve e frustrada aventura no Cruzeiro, enfrentará o Tricolor Paulista no Pacaembu às 17h deste sábado – a casa são-paulina receberá show do Iron Maiden no dia seguinte.
– O que me motivou muito a voltar ao Fortaleza, depois de dois dias dentro de casa trancado em Belo Horizonte, pensando muito sobre o que havia acontecido, foi a gratidão, o carinho do povo daqui, a energia positiva, a atmosfera que se construiu no estádio. A persistência do presidente Marcelo Paz, os atletas que aqui deixei, um grupo bem bacana de se trabalhar… Eu tinha a opção de descansar, que era uma opção que eu queria, estava decidido a isso, mas também não queria deixar o Fortaleza. Vai ser uma briga ponto a ponto até a última rodada para se manter na Série A. É um risco muito grande para a minha carreira, mas eu não podia deixar de voltar para cá – disse o Mito, em entrevista à Rádio Jovem Pan
Os números são bem mais tímidos e as histórias não são tão impactantes, mas o Estádio Municipal também tem papel importante na trajetória do ídolo pelo São Paulo. É o segundo palco em que ele mais jogou (43 vezes) e mais marcou gols (quatro). O primeiro lugar nessas duas listas, obviamente, pertence ao Morumbi, onde Rogério jogou 594 vezes e anotou 73 gols.
Os adversários que Ceni mais enfrentou no Pacaembu foram Corinthians (14 vezes, com seis vitórias, seis derrotas e dois empates) e Palmeiras (11 vezes, com seis derrotas, três vitórias e dois empates). Há passagens marcantes diante dos dois rivais.
O primeiro dos quatro gols do goleiro no Pacaembu, por exemplo, foi contra o Corinthians, na goleada por 5 a 1 pelo Brasileirão de 2005 – ele também marcou contra Paulista de Jundiaí (5 a 1, em 2006), CRB (3 a 0, em 2014) e XV de Piracicaba (2 a 0, em 2015, naquele que foi seu último jogo no estádio). O Mito, bem antes de receber o apelido, também levou a melhor em um mata-mata contra o rival alvinegro no local: a partida de ida da semifinal da Conmebol de 1994, vencida por 4 a 3 pelo Tricolor, foi no Estádio Municipal. Na volta, após vitória alvinegra por 3 a 2, Rogério defendeu duas cobranças e converteu uma na disputa de pênaltis, mas no Morumbi.
Também houve derrotas dolorosas para o Timão, como os 5 a 0 do Brasileirão de 2011, em que ele falhou em um dos gols. O goleiro são-paulino também errou em uma derrota por 4 a 3 para os alvinegros, em falta cobrada por Roberto Carlos. Em 2013, após o vice-campeonato na Recopa Sul-Americana, com revés por 2 a 0, deu a famosa entrevista em que dizia que “o São Paulo parou no tempo”.
Contra o Palmeiras, Ceni viveu aquele que talvez seja seu pior momento vestindo a camisa tricolor: dias após a eliminação para o Once Caldas na Libertadores de 2004, ele e Luis Fabiano foram alvos de protesto da Torcida Independente, que se vestiu de amarelo para hostilizá-los. Baqueado, falhou em um dos gols da derrota por 2 a 1 e chegou a cogitar deixar o clube.
A lista de jogos do Mito no Pacaembu tem uma vitória por 3 a 0 sobre o Real Madrid, em amistoso disputado em 1996, quando ele substituiu Zetti no decorrer do confronto. O primeiro jogo dele no estádio foi contra outro time bastante tradicional: o Boca Juniors, em jogo que terminou empatado por 1 a 1 pela Copa Ouro de 1993.
Ceni nunca enfrentou o Fortaleza no Pacaembu. No curto período como técnico do São Paulo, em 2017, não dirigiu a equipe no estádio.
Este será o segundo reencontro do ídolo com o São Paulo. O primeiro, já neste Brasileirão, foi no Castelão e terminou com vitória por 1 a 0 dos paulistas, gol de Hernanes./Lance