O atleta cearense Alexandre Teles da Silva, da equipe da academia Boxe Thai de Nova Russas, no interior do Ceará, recebeu a medalha de ouro na categoria sênior, com peso até 63,5 kg, no campeonato promovido pela World Muay Thai Federation, na Tailândia. Campeão Brasileiro na mesma categoria, Alexandre foi convocado pela Confederação Brasileira de Muay Thai (CBMT). Na noite da última sexta-feira (16) (já sábado, no Brasil), Alexandre nocauteou o adversário, um atleta da Tunísia, com menos de um minuto de luta.
– Me preparei muito para estar aqui. Foi muito sacrifício, mas levar essa medalha de ouro para a minha cidade compensou tudo – afirma o atleta, que dedicou a vitória ao treinador, José Alberto Rodrigues, e ao irmão dele, o Grão Mestre Luiz Alves, um dos introdutores do esporte no País.
Morador de Nova Russas, no sertão do Crateús, Alexandre treina o esporte há nove anos, com o técnico José Alberto. Em 2017, conseguiu sagrar-se campeão brasileiro em sua categoria, mas achou que viajar para a Tailândia, para disputar o mundial, era um sonho distante.
– Juntando passagem aérea, inscrição e demais despesas, eu precisava de cerca de R$ 8 mil para conseguir competir. Achei que não ia dar – conta o atleta, que trabalha como técnico em uma empresa de telefonia celular do interior do Ceará.
Em janeiro deste ano, no entanto, os moradores de Nova Russas se mobilizaram e fizeram uma campanha de arrecadação de recursos.
– Cada um deu o que pode. Fizemos até rifa para conseguir juntar os recursos. Mas, de pouquinho em pouquinho, conseguimos comprar as passagens aéreas e o dinheiro que ele precisava para estadia e alimentação. O povo ajudou. Mas, dos políticos, não recebemos nem um tostão – conta José Alberto.
– Eu agradeço a cada novarussense que me ajudou. Teve gente que deu R$ 10, que era o que podia. Teve gente que podia ajudar mais, mas não ajudou. Mas com o esforço de tantos amigos conseguimos conquistar esta medalha, que não é apenas minha, mas de Nova Russas – afirma o campeão mundial.
Casado e pai de uma menina, o atleta trabalha como técnico instalador de equipamentos em antenas de celulares no Sertão. Divide o dia a dia pesado, pendurado em antenas altas e com o sol escaldante na cabeça, com treinos diários, algumas vezes duas vezes por dia.
– Além de ter um chute forte, demolidor mesmo, e um jeb (soco) certeiro, Alexandre é muito resistente. Como a gente diz no mundo da luta, é um atleta casca-grossa. Eu tinha certeza que ele conquistaria essa medalha de ouro. Era só uma questão de ter oportunidade – explica o treinador José Alberto./ge