O Ceará terá seca em 2024, segundo o presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Eduardo Sávio Rodrigues. O anúncio aconteceu durante a 114ª Reunião Ordinária do Conselho de Recursos Hídricos do Ceará (Conerh), na terça-feira (21/11).
Na oportunidade, Eduardo Sávio Rodrigues, presidente da Funceme, apresentou aos conselheiros presentes os cenários prováveis. Os gráficos apresentados pelo técnico indicam o aumento na temperatura do oceano, causando o fenômeno conhecido por El Niño. Segundo o presidente, as previsões atuais confirmam o que já havia sido previsto anteriormente:
“Não há mais dúvidas, teremos uma seca no ano que vem. A Funceme foi a primeira instituição a alertar sobre isso há um bom tempo e agora provamos que não há possibilidade de termos uma boa quadra chuvosa com o cenário que temos hoje. Será impossível termos um bom aporte e deveremos trabalhar nisso, colocando em prática nossos aprendizados obtidos nos anos de seca”, avaliou Eduardo.
Encontro foi realizado no auditório da Cogerh, em Fortaleza, tendo como principal objetivo discutir o aporte hídrico do Ceará, com a Cogerh, além das perspectivas do El Niño na quadra chuvosa de 2024, com dados da Funceme.
Um estudo feito em novembro deste ano, pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), o El Niño vai durar até abril de 2024. A organização afirmou que o fenômeno se desenvolveu rapidamente em 2023 e pode atingir seu pico no primeiro semestre do próximo ano.
Caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, o El Niño acontece com frequência a cada dois a sete anos. Sua duração média é de doze meses, gerando um impacto direto no aumento da temperatura global.
Reserva hídrica em risco
Segundo o diretor de operações da Cogerh, Tércio Dantas, a situação hídrica ficará comprometida por conta da seca. Registrando um percentual equivalente a 40% da capacidade total atualmente, o técnico estimou que, partindo de um cenário crítico como apontado pela Funceme, o Ceará deve chegar ao fim da quadra chuvosa de 2024 abaixo de 30% de sua capacidade – considerando aporte nulo.
Diante das perspectivas apresentadas, o diretor reforçou o trabalho desenvolvido pela companhia, que já vinha preparando-se para momentos de escassez:
“É importante destacar que nos últimos tempos tivemos uma abundância de obras, como melhoramento de sistema de bombeamentos e construção de adutoras. A Cogerh esteve se preparando para momentos como esse, de forma que chegue água suficiente para a casa das pessoas”, afirmou Tércio.
Concluindo as discussões sobre o impacto das previsões climáticas na reserva hídrica, Ramon Rodrigues, Secretário dos Recursos Hídricos, comentou a situação apontando as ações desenvolvidas ante o cenário:
“Temos monitorado as áreas mais vulneráveis e sido cautelosos. Na Bacia Metropolitana de Fortaleza, o estoque é razoável, mas reforçamos a importância do cuidado no uso da água. Pretendemos intensificar os encontros de discussão sobre ações de contingência de secas; temos levado para a Casa Civil essa pauta, investindo em campanhas para buscar o engajamento de todos os setores na conscientização da economia de água”.
Cidades em situação de seca e estiagem
Hoje, o Ceará tem quatro cidades em situação de seca e outros 22 em estiagem, conforme estudo do Ministério do Desenvolvimento Regional. No Ceará, segundo um estudo da Funceme, 11% do território do estado estão em alerta no processo de desertificação. Destaque para a macrorregião do Jaguaribe, Inhamuns e Irauçuba.
Seca
- Araripe
- Campo Sales
- Madalena
- Quiterianópolis
Estiagem
- Acopiara
- Boa Viagem
- Caridade
- Caucaia
- Choró
- Crateús
- Deputado Irapuan Pinheiro
- Independência
- Irauçuba
- Itapajé
- Itapipoca
- Itatira
- Jaguaretama
- Jaguaribara
- Milhã
- Mombaça
- Paramoti
- Pedra Branca
- Potiretama
- Quixadá
- Saboeiro
- Solonópole /g1
(Foto reprodução)