Camilo e Cid podem inaugurar a era “pós-mudancista”

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Por Reginaldo Silva- Professor, Radialista, Jornalista

A política cearense vive um novo momento. Poucos esperavam uma vitória de Elmano (PT), ainda no primeiro turno. O fato pegou muita gente de surpresa, principalmente aqueles que aguardavam serem chamados para mesa de negociação em um eventual segundo turno.

Muitos subestimaram a capacidade de trabalho de Camilo (PT); como líder, como articulador de chapa e como organizador de campanha. O ex-governador cearense manteve no primeiro turno das eleições o mesmo ritmo acelerado de trabalho que aplicou nos últimos dias de seu governo. Não houve tréguas e nem descanso. O resultado apareceu nas urnas.

Camilo também foi muito favorecido pelo silêncio e reclusão de Cid Gomes(PDT-CE) nesta eleição, ele mais do que ninguém sabe disso.

Depois de uma vitória ainda no primeiro turno no Ceará, os dois, Cid e Camilo, podem estar inaugurando um novo ciclo da política cearense, um movimento “pós mudancista”, muito embora, ainda existam barreiras a serem quebradas.

Lá atrás, Tasso (PSDB) e Ciro (PDT) foram os fundadores do projeto “mudancista” no Ceará. Lideraram um movimento contra os governos dos “coronéis”, com a presença de novos atores políticos de esquerda, movimentos sociais e intelectuais, que deram respaldo aos “jovens empresários”. O início das mudanças começou com o primeiro governo Tasso com às eleições de 1986.

Em 2022, o momento é diferente, porque ainda temos uma eleição presidencial pela frente, mas, Camilo e Cid, podem escrever um novo capítulo político, “pós-mudancista”, protagonizado no passado por dois jovens amigos, Tasso e Ciro e, quem sabe agora, reeditados em uma nova versão, mais moderna, com os dois senadores cearenses.

Na noite desta segunda-feira por ocasião do lançamento da campanha de segundo turno de Lula (PT) no Ceará, Cid esteve no palanque e disse esperar que os governos do PT, possam ser mais republicanos. Essa tem sido a grande demanda de aliados do Partido dos Trabalhadores ao longo do tempo, que após as eleições se unem em uma bolha, se isolam ou deixam de ouvir velhos aliados, na governabilidade. É esse comportamento republicano que antigos e novos aliados cobram em um eventual futuro governo petista.

O PT precisa entender esse novo momento, mesmo lidando com um adversário, como o presidente Bolsonaro (PL), com tantas falhas na gestão, vive uma eleição das mais duras de toda sua história partidária no País, talvez por conta dessa questão mal resolvida ao longo dos seus governos.

No Ceará, é preciso entender que Camilo e Cid podem tocar uma nova era no Estado, sem estrelismos e com olhos voltados para um projeto de nação, com os pés plantados no Ceará, mas sem perder de vista o Brasil.

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