A possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lançar o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro para disputar a Presidência da República em seu lugar já enfrenta resistência entre os partidos de centro-direita.
Lideranças de partidos de centro-direita destacam que apoio a um dos dois defende de diálogo, uma coisa é o Bolsonaro, outra coisa é um membro da família, esse debate precisa ser feito de forma coletiva, defende uma liderança do Republicanos.
A legenda esteve com Bolsonaro na eleição de 2022, mas o dirigente reconhece reservadamente que a articulação para apoiar Eduardo ou Michelle seria complexa e questiona por que a direita precisaria, necessariamente, escolher um nome da família Bolsonaro com o ex-presidente inelegível.
“Acho que a gente tem que ter maturidade. E o próprio Bolsonaro deverá ter, a meu ver, lá na frente, maturidade para ver uma coisa mais ampla em prol do projeto não pessoal, mas do projeto de País e desse campo político,” defende.
O líder do PP, senador Ciro Nogueira (PI), garantiu que o partido estará com Bolsonaro caso ele consiga reverter a inelegibilidade e disputar a eleição. Mas sobre as possíveis candidaturas de Michelle ou Eduardo, disse que a decisão precisaria ser debatida, embora a tendência seja de apoio: “Se ele (Bolsonaro) puder ser candidato, a gente o apoia. Um outro nome a gente tem que discutir com esse nome, mas a tendência de apoiar é muito grande”.
No PSD, partido de Gilberto Kassab, cujo apoio é cobiçado por Lula e Bolsonaro, a chance de endossar uma candidatura de Eduardo ou Michelle é considerada extremamente improvável, mesmo com Kassab no governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Lideranças da sigla avaliam que, no cenário atual, o mais provável é que o partido lance um candidato próprio para o Planalto, como Ratinho Júnior, governador do Paraná, ou opte pela neutralidade, assim como fez em 2022.
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, disse ao Estadão que Bolsonaro é o candidato do partido mesmo estando inelegível. Questionado se a sigla apoiaria automaticamente um nome indicado por ele para 2026, foi categórico: “Ele manda. O que ele falar cumpriremos”.
Eduardo ou Michelle terão ainda que percorrer um longo caminho com as legendas aliadas no campo da direita. De olho nesse protagonismo, Eduardo Bolsonaro tem investido na agenda internacional para se fortalecer politicamente. Em novembro, ele assumiu a Secretaria de Relações Internacionais e Institucionais do PL e agora trabalha para presidir a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, em uma articulação que tem forte oposição do PT. O filho do ex-presidente também aposta em uma aproximação com o governo americano de Donald Trump para impulsionar sua candidatura no Brasil.