Bar do Carioca: “naquela esquina ele juntava gente”. Por Reginaldo Silva

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Por Reginaldo Silva- Professor, Radialista e Jornalista

A esquina do Banco do Brasil de Nova Russas já não é a mesma. O Bar do Carioca está fechado. O ponto de encontro da classe política desde o início dos anos 70, fechou de vez. O eterno “camarada”, como gostava de tratar a todos, nos deixou em maio deste ano e, com ele, um vazio existencial nos debates políticos da cidade.

Passei em frente ao Bar do Carioca neste sábado, ali, se ouvia apenas o canto de alguns pássaros que sobrevoavam a redondeza, as vozes acaloradas dos debates políticos já não fazem parte daquela famosa esquina da sede do município.

Ao longo dos tempos, a esquina do Bar de Gonçalo Lima de Sousa (Carioca), também registrou fatos e personans históricos, como; a cadeira cativa do Marquinhos Pedrosa, a cadeira imperial do Valtan, o fim da Era Política dos Mourões, as idas e vindas do Grupo Empa, o encontro semanal dos Azulões de Marcos Alberto, os encontros da Era Diogo e das histórias das “gonçaladas” do Fransquim e dos políticos que costeavam o alambrado em tempos difícieis, além das histórias de invernos e períodos de seca do próprio Carioca, que sempres movimentavam as manhãs de sábado da esquina do Banco do Brasil.

Recorro aqui a licença poética da boa música brasileira para expressar o sentimento que o momento nostálgico da esquina do Bar do Carioca ainda proporciona, mesmo estando com as portas fechadas. Nelson Gonçalves cantou como ninguém “Naquela Mesa”.

“Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente…”

Assim, era o Carioca naquela esquina, ele contava histórias, ele juntava gente e fazia do seu estabelecimento comercial um ponto de encontro de gerações que não deixa a memória política se perder em suas efemeridades das redes sociais, zelando pela memória daqueles que gostam do ato de fazer política, como personagens e atores sociais da vida pública local.

A classe política de Nova Russas tem uma dívida com o Bar do Carioca; ele merece uma homenagem digna da representação política que acompanhou ao longo dos anos, assistindo a ascenção e queda de grupos políticos da cidade, tratando a todos com respeito e liberdade, temas caros e inegociáveis em um regime democrático de direito.

Naquela esquina ele juntava gente…


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