Aécio Neves: “Se houver mais de uma candidatura de centro, vamos nos curvar à polarização”

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Depois de ter seu nome envolvido na Lava Jato e um ostracismo de três anos, o deputado federal mineiro, Aécio Neves rompe o silêncio e diz que se houver mais de uma candidatura de centro, todos serão obrigados a assistir a polarização entre Lula e Bolsonaro.

“Temos de radicalizar no centro. Temos de propor, construir um centro ampliado para fazer frente ao Bolsonaro e ao Lula. Centro ampliado tem de ter de Ciro [Gomes, PDT] a PSDB, MDB, DEM, com o [ex-ministro Luiz Henrique] Mandetta, Luciano Huck, o [governador gaúcho tucano] Eduardo Leite e o [presidente do Senado pelo DEM-MG] Rodrigo Pacheco.” Destaca Aécio.

O deputado federal também não descarta o nome de Dória, mas, carrega nas críticas. “Dentro do PSDB, quem tiver disposição, tem todo o direito de construir uma candidatura. Seja o [governador paulista João] Doria, Leite. O que o PSDB tem de colocar na balança é a possibilidade de não ter candidatura à Presidência se, nesse conjunto de forças, houver uma candidatura com mais viabilidade. Ninguém será candidato pela imposição. É uma construção. Não se constrói uma candidatura como se preside uma reunião do Lide [grupo empresarial que era liderado por Doria], com um apito na boca, dizendo quem pode falar e quem deve calar.”  Pontua o parlamentar.

Aécio cita o avô Tancredo Neves para legitimar a crítica de que João Dória não escuta o contraditório. “Meu avô dizia que devia haver um artigo na Constituição obrigando candidato a cargo majoritário ter tido ao menos uma experiência no Legislativo. Ali você aprende o contraditório, não é cercado só por gente que diz amém.”

Aécio insiste nas críticas ao governador paulista. “Isso falta ao governador Doria. Eu não tenho nada contra ele pessoalmente, o conheço há muitos anos. Me lembro quando ele me procurou pela primeira vez, com muita insistência depois da morte do meu avô, para pedir que levasse seu nome ao presidente José Sarney. Ele pleiteava a presidência da Embratur [que ganhou.”

Em outro momento de sua entrevista a Folha, o deputado federal diz que o governador constituiu em torno de si o que chamamos de CCC, o Conselho do Cargo Comissionado, onde as pessoas com funções de confiança do governo e que têm função partidária também, se reúnem à noite com o governador para dizer que está tudo bem, que o terno estava muito bonito, a gravata era belíssima e o cabelo estava bem penteado. “Aí ele dorme na ilusão de que é o sujeito mais querido do Brasil. Acho que foram esses conselheiros que levaram ele ao equívoco de que poderia tratar o PSDB como uma legenda qualquer.

Para Aécio Neves,  João Dória cometeu um erro de avaliação e se perdeu no meio do caminho. “O governador tem virtudes, mas sua obsessão pelo marketing impede que muitas dessas virtudes possam ser vistas.” Finaliza o deputado federal.

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