Aécio Neves (PSDB), concede entrevista ao Estadão após ser denunciado por corrupção e obstrução da Justiça com base na delação do Grupo J&F, nega que tenha cometido crime e disse que foi gravado por Joesley Batista em “uma ação planejada com a participação de membros da Procuradoria-Geral da República”. Após a Operação Patmos.
Aécio chegou a ser afastado do mandato, teve prisão preventiva solicitada e ficou em recolhimento domiciliar noturno. Ele admite apenas que cometeu “um erro” ao pedir R$ 2 milhões para o empresário.
O Senador afirmou que não existe possibilidade de voltar a Câmara e que sua prioridade é responder de forma serena, mas muito firme, a todas essas denúncias que envolveram seu nome. “Sou o primeiro a reconhecer que cometi um erro ao aceitar, de alguém que se dizia amigo, uma ajuda para pagar meus advogados. Mas não cometi crime.”
Aécio diz que os fatos vão demonstrando de forma clara que ele foi vítima de uma grande armadilha.
Quando indagado sobre a mala dos R$ 500 mil Aécio volta a afirmar que foi vítima de uma armação após uma reunião que supostamente teria havido na Procuradoria eresponde: “Ele ofereceu um empréstimo para eu pagar os advogados dessa forma. Isso obviamente negociado no objetivo da sua delação. Ele disse que ia me emprestar esses recursos das “suas lojinhas”. Recurso privado em dinheiro. Eu aceitei. Foi um erro. Pagaria com a venda de um apartamento. Esse recurso depois foi integralmente devolvido. O Estado não foi lesado. Não há contrapartida. Concordo que as imagens dão a impressão disso, no contexto negativo. Pago um preço altíssimo.
Quando foi indagado sobre sua postura ao chamar o PT de “organização criminosa”, sob o argumento do combate aos desvios éticos na política que permeou sua defesa do impeachment e a ação para cassar a chapa Dilma-Temer e foi denunciado por corrupção, citado por delatores e passou a ser alvo de inquéritos no STF. O Senador foi questionado como ele pretende explicar isso aos eleitores que lhe deram quase 50 milhões de votos naquela eleição.
Aécio não tem uma explicação convincente e diz que pretende sempre dizer a verdade. “Quais são as acusações pelas quais eu respondo hoje? Apoio para campanhas eleitorais, feitos como a lei determinava.”
Aécio Neves disse ainda que o caminho natural a ser percorrido deve ser uma nova candidatura ao Senado, mas que existe em Minas manifestações das mais variadas para que ele dispute cargos majoritários para combater uma candidatura que seja um contraponto ao governo do PT.