Por Reginaldo Silva- Professor, Radialista e Jornalista
Pesquisas eleitorais são retratos momentâneos, mas, mostram tendências. O Datafolha divulgou recentemente um levantamento em parceria com o Jornal O Povo, apontando a inclinação do eleitorado da capital cearense.
A direita tem três representantes nesta disputa eleitoral; o deputado federal, André Fernandes como legítimo herdeiro do bolsonarismo raiz, o ex-deputado federal, Capitão Wagner que fez um leve movimento para centro direita e o senador Eduardo Girão como representante da ala mais conservadora. No levantamento realizado pelo Datafolha, juntos, eles somam 50% do eleitorado da capital cearense.
Nessa conta eleitoral, os outros 50% ficam assim distribuídos: 16% para o centro ou centro esquerda, liderado pelo prefeito José Sarto, outros 16% para brancos, nulos e indecisos e 18% para a esquerda.
Analisando os números por esse ângulo, certamente, a direita terá um representante no segundo turno. A outra vaga seria disputada pela esquerda e pelo centro, travando uma batalha pelos votos de indecisos, além de tentar reverter a posição daqueles que estão dispostos a anular ou votar em branco nas eleições deste ano.
A polarização que tomou conta da eleição passada, não tem se manifestado em Fortaleza por falta de uma liderança identificada com o lulismo raiz na capital, também enfraquecida por conta do racha entre PT e PDT, portanto, colocando a direita na dianteira no momento em que esta pesquisa foi realizada. É obvio que os números se alteram de acordo com os fatos e os personagens, às vezes de forma favorável ou desfavorável.
A pesquisa também detectou que três nomes podem influenciar no voto do eleitorado de Fortaleza de forma positiva. Camilo Santana, Lula e Roberto Cláudio, passam da casa dos 50% de influência na hora de decidir o voto quando são citados como apoiadores. Curiosamente, dois são de esquerda e um de centro, mas, esses apoios ainda não refletem nas pesquisas atuais. A imagem de apoiadores com os candidatos ainda não casaram.
Outros nomes de apoiadores também foram avaliados, o do governador Elmano de Freitas, o do presidenciável e ex-ministro Ciro Gomes e o do ex-presidente Jair Bolsonaro. Este, tem o índice de influência mais baixo perante o eleitorado de Fortaleza. Já, Ciro e Elmano, embora com os números bem melhor que o do ex-mandatário da nação, também não ultrapassam os 50% na hora de influenciar o voto do eleitor de Fortaleza.
Muitas pesquisas ainda serão lançadas no mercado, com alterações de nomes e posições, todavia, se faz necessário ponderar a predisposição do eleitor da capital. Esse humor eleitoral, também reflete em alguns municípios do interior cearense, com maior ou menor intensidade, dependendo do grau de acirramento da polarização identificado na eleição passada para presidente.
A esquerda do pais trabalha para superar o bolsonarismo no Sudeste, mas, não pode tirar os olhos das capitais do Nordeste e Fortaleza é uma capital estratégica para 2026.
Para além da importância das capitais, as cidades regionais acima de 100 mil habitantes e os municípios satélites que orbitam esse entorno, também são fundamentais para manter acesa a chama do presidente Lula para eleição de 2026, ou, caso não tenham a atenção necessária das principais lideranças da legenda, correm um sério risco de devolver o poder para os herdeiros do bolsonarismo raiz.
Em Fortaleza, o jogo do xadrez político está apenas começando. As primeiras mexidas desenham o caminho da vitória. Quando as jogadas iniciais baixam a guarda, o xeque mate é inevitável. É hora de jogar. No tabuleiro político, você nunca joga sozinho!