Por Reginaldo Silva- Professor, Radialista e Jornalista

A oposição ao governo Elmano de Freitas tem método. Estão todos juntos e misturados. A expectativa criada em torno de uma possível união do bloco oposicionista não passa de jogo de cena para se manter em evidência na mídia.
O clima beligerante entre ciristas e bolsonaristas foi superado ainda na eleição em que André Fernandes foi derrotado por Evandro Leitão. Quem não se lembra da declaração de Jair Bolsonaro afirmando que Ciro apoiou André Fernandes no segundo turno, em Fortaleza?
A adesão de Roberto Cláudio, com todo ímpeto, à candidatura de André Fernandes contra Evandro Leitão na disputa pela prefeitura de Fortaleza já fazia parte de uma estratégia mais ampla: unir forças contra a hegemonia do PT no estado.
Ali, a oposição já havia feito sua leitura de cenário e soado o alerta sobre a possibilidade de o PT assumir o controle completo do Ceará, comandando as três esferas de poder. Tornar-se-ia, então, um adversário poderoso demais para ser derrotado.
Com o resultado da eleição em Fortaleza, essa consciência se consolidou entre os atores políticos. Não restava alternativa a não ser unir todo o bloco. Partir separados deixou de ser uma opção. Trata-se, agora, de uma questão de sobrevivência — ou de sepultamento definitivo de forças políticas que ainda resistem no Ceará.
O café da manhã na Assembleia Legislativa, com a presença do ex-ministro e ex-presidenciável Ciro Gomes e o lançamento informal de sua pré-candidatura ao governo do estado, também tem método. O mesmo vale para o encontro na Câmara Municipal de Fortaleza, em que André Fernandes rasgou elogios a Ciro e trocou gentilezas sobre “dotes e competência” para disputar o governo.
Esse método da oposição deverá ser consolidado com a vinda do ex-presidente Jair Bolsonaro a Fortaleza, para participar do congresso do PL, onde, possivelmente, selará definitivamente a aliança com Ciro Gomes no estado.
Ciro ainda não bateu o martelo sobre sua candidatura no Ceará porque cultiva uma última esperança de disputar, novamente, a Presidência da República, caso a inelegibilidade de Bolsonaro se confirme. Ledo engano. Bolsonaro não abrirá mão de seu capital político nem para Tarcísio de Freitas, quanto mais para Ciro Gomes.
O método da oposição vai se revelando cada vez mais claramente. Engana-se quem aposta na divisão: o mais prudente é se preparar para o confronto.
Com a união de velhos caciques como Ciro e Tasso, que não aceitam a liderança de Lula, somada à adesão de bolsonaristas mais radicais e da direita moderada, representada por nomes como Capitão Wagner, não é uma tarefa tão difícil consolidar esse grupo.
O discurso do “Salvar o Ceará” e o lema “Todos contra o PT” estão montados. Agora, a fase é de validação das hipóteses. A grande dúvida reside na escolha do melhor caminho para vencer um bloco governista que saiu muito fortalecido do último pleito e, hoje conta com o apoio do presidente da República, do governador do Estado, do prefeito de Fortaleza, da maioria da Câmara Municipal da capital, da Assembleia Legislativa e da maior parte das prefeituras cearenses.
A estratégia, até aqui, está bem desenhada. O que talvez não seja ideal é o local escolhido para comprovar a eficácia do método.