É preciso jogar luz onde existe escuridão. Foi assim que encarei a vinda do ex-jogador de futebol Walter Casagrande à Nova Russas, por ocasião da palestra ministrada por ele ao projeto “Ceará Sem Drogas”.
Casagrande disse o que muita gente já sabe, apenas com uma diferença, somente ele é capaz de mensurar o efeito devastador que as Drogas causaram em sua vida.
As drogas tornaram-se comum no meio da sociedade. As pessoas acabam banalizando tudo que se refere a ela.
O fato é que Casagrande veio para jogar luz num terreno repleto de escuridão.
As drogas estão em todos os lugares, seja ela lícita ou ilícita. Os governos ainda não deram a devida atenção ao problema. Sabemos que seu combate depende de múltiplos fatores, mas se nenhum passo for dado, tudo permanece no marco zero.
A sociedade está prestes a enfrentar a doença do século, com um efeito tão devastador quanto o câncer e outras máquinas de guerra.
O STF está tratando da descriminalização da maconha, citando Portugal como uma experiência positiva. Portugal é um país com dimensões territoriais aproximadas ao Estado do Ceará. Um território pequeno e de fácil acesso de controle e monitoramento de quem compra a droga em uma farmácia.
Ao ser identificado, o dependente recebe a visita de um profissional que vai avaliar o estágio em que ele se encontra. No Brasil, um país com dimensões continentais, seria muito mais difícil esse controle, o atendimento seria diferente de acordo com as regiões do país, umas mais pobres, outras mais ricas.
Voltando ao Casagrande, em sua palestra, ele alertou para os pais que fiquem atentos as mudanças de comportamento dos filhos. O grupo de pessoas com quem andam diariamente. Se estão desistindo de estudar. Falou da importância da família em acompanhar os passos dos filhos à medida que eles crescem.
Casão também disse que a droga é boa, por isso vicia. Então a melhor escolha é não aceitar o uso, caso alguém venha oferecer. Porque os estragos são muito maiores e o caminho para abandonar é muito mais sofrido.
O ex-atacante do Corinthians disse que passou seis meses sem nenhum contado com qualquer membro da família quando esteve internado pelo período de um ano. E disse que está sempre em estado de recuperação.
Falou que a melhor estratégia para abandonar o vício é procurar grupos especializados dos Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos, principalmente procurar outras atividades que lhe tragam prazer como: leitura, teatro, dança, música, futebol e outras formas de envolvimento com grupos que não estejam atrelados ao uso de drogas.
Os jovens presentes a palestra fizeram vários questionamentos e foram atendidos por Casagrande. Se as poucas horas de visita à Nova Russas não foi suficiente para ajudar no combate a dependência química no município ficou a lição das escolhas.
A vida é feita de escolhas. Não importa sua classe social, seu gênero, sua cor ou o grupo ao qual pertença. Somente você pode decidir que caminho vai trilhar.
Casagrande deixou claro que pagou um alto preço pela escolha que fez.
O mundo em que vivemos hoje é diferente daquele que Freud defendeu. O pai já não tem uma liderança inquestionável, os padrões de conduta já não são tão rígidos, os modelos de família já não obedece o mesmo padrão, as próprias leis limitam o exercício do poder familiar e o mundo em que se vive, não se restringe ao seio da família.
A tecnologia vem mudando o comportamento da sociedade.
Mas, mesmo diante de todas as adversidades é preciso salvar os nossos jovens dessa peste bubônica da contemporaneidade.
Em resumo, Casagrande não veio ensinar como não usar drogas, muito menos como parar de usar. Nem veio para julgar ou ser julgado.
Ele trouxe a luz através do exemplo. Cabe a nós, dissipá-la no meio da escuridão.