Nesta terça-feira (30) a prefeitura notificou extrajudicialmente o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Sindiônibus), informando que qualquer negociação só aconteceria com o retorno imediato das linhas suspensas.
Em nota enviada após o anúncio do prefeito, o Sindiônibus informou que a partir da quarta-feira, a operação dos ônibus “voltará a seguir os parâmetros definidos pela Etufor para cada linha”. Os ônibus que tiveram os horários reduzidos e os que tiveram a frequência ampliada também vão voltar ao padrão anterior.
“A decisão é fruto de um esforço adicional envidado pelas empresas de transporte para que o diálogo seja retomado, mesmo diante das dificuldades financeiras que impactam o setor, especialmente no cumprimento dos compromissos salariais com colaboradores e fornecedores essenciais, como combustível”, disse a entidade, que pediu urgência na discussão de medidas de apoio ao transporte coletivo.
A paralisação dos empresários foi realizada para pressionar a Prefeitura de Fortaleza por aumento dos subsídios repassados pelo poder público às empresas do transporte público.
Atualmente, a administração municipal repassa cerca de R$ 16 milhões mensais em subsídios para o Sindiônibus, usados, por exemplo, para cobrir custos de operação, pagar pelas gratuidades e evitar aumento da passagem. A entidade, no entanto, diz que precisaria de, pelo menos, R$ 23 milhões para as contas fecharem.
O Sindiônibus informou que o cancelamento das linhas foi um “ajuste necessário”, resultado de estudos técnicos realizados pela entidade. Segundo o sindicato, a medida é indispensável para garantir a continuidade do sistema e o cumprimento de responsabilidades, como o pagamento de salários dos funcionários.
Em uma década, os ônibus perderam mais da metade de seus passageiros, cerca de 54,7%. Conforme o Sindiônibus, a queda no número de usuários, aliada aos problemas financeiros, teriam motivado a suspensão das 25 linhas e a redução da frequência de outras 29.
Atualmente, cerca de 520 mil passageiros utilizam o transporte público de Fortaleza por dia, uma queda drástica em relação a 2015, quando esse número chegava a 1,15 milhão. Dimas Barreira, presidente do Sindiônibus, afirma que as linhas suspensas afetam cerca de 9 mil passageiros. A Etufor diz que são mais de 10 mil passageiros.
Em agosto deste ano, uma das empresas de ônibus que circulam em Fortaleza, a Santa Cecília, encerrou as atividades e entrou em recuperação judicial. A Santa Cecília era responsável por 31 linhas, que foram assumidas por outras empresas de ônibus participantes do consórcio.
Suspensão das linhas
O Sindiônibus informou que o ajuste na frota ocorreu para garantir a saúde financeira do sistema de transporte, de modo que a crise financeira não leve à interrupção de outras linhas.
A entidade disse que algumas linhas que apresentam maiores déficits financeiros precisaram ser reduzidas ou suprimidas, enquanto linhas de maior relevância, que transportam um número maior de passageiros diariamente, receberam reforço com a inclusão de novos veículos.
O ajuste se faz necessário diante do atual cenário de desequilíbrio financeiro enfrentado pelas empresas de transporte coletivo. Os estudos levaram em conta fatores como dimensionamento da frota, análise de rotas e linhas, sempre fundamentados em critérios técnicos.
A Etufor afirmou que a medida não foi autorizada nem estava programada oficialmente. A empresa ressaltou ainda que a Prefeitura garante mensalmente cerca de R$ 16 milhões em subsídios para a operação do sistema e afirmou manter diálogo constante com o sindicato para evitar prejuízos às empresas e, principalmente, aos usuários.
O presidente do Sindiônibus afirma que os valores não são suficientes para cobrir o déficit mensal, que já chega a cerca de R$ 9 milhões. Ele explicou que algumas empresas não conseguiram se manter e encerraram as atividades, ressaltando a necessidade de uma solução conjunta, com participação do governo federal./g1
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