A delação de Antonio Palocci, fechada com a Polícia Federal, a de Renato Duque, prestes a ser fechada com o Ministério Público Federal, e a denúncia da PGR contra Lula, Palocci, Gleisi Hoffmann e seu marido Paulo Bernardo vieram na sequência da decisão da Segunda Turma do STF, que tirou de Sergio Moro trechos da delação da Odebrecht que ligam Lula aos casos do terreno de seu instituto e do sítio de Atibaia.
Decisão tomada pelo trio libertador Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski.
Vale lembrar que Toffoli, o eterno advogado do PT indicado por Lula ao STF, acatou a alegação dos atuais advogados de Lula de que as informações sobre o sítio de Atibaia e o Instituto Lula não têm relação com a Petrobras e, portanto, com a Lava Jato.
É a velha teoria do montinho, que tantas vezes refutei aqui na Jovem Pan, especialmente na cobertura especial do julgamento no TRF-4.
O próprio Moro já explicou que dinheiro é fungível, não havendo necessidade de se provar que os recursos físicos que saíram de um contrato público são os mesmos que foram recebidos como propina por políticos. O que importa é o acerto de corrupção em torno do contrato, que gerava um saldo na conta de propina aberta pelas empreiteiras. Da conta Amigo da Odebrecht, por exemplo, era debitada a propina destinada a Lula.
Mas Lewandowski e Gilmar também ignoraram os fatos e, com isso, a Segunda Turma Toffoli esvaziou a ação penal em Curitiba, que estava prestes a render nova sentença condenatória, e ainda abriu brecha para a eventual anulação da sentença do triplex.
Agora, as iniciativas de PF, MPF e PGR reforçam os vínculos – o chamado “liame” – das propinas destinadas ao PT, inclusive a Lula, com o esquema de corrupção da Petrobras, além do BNDES.
Palocci contou, por exemplo, que ele próprio e seu assessor Branislav Kontic entregavam pacotes em dinheiro vivo ao então presidente Lula, que chegavam a somar 50 mil reais por remessa, para bancar despesas pessoais do então presidente.
E adivinhe de onde Palocci disse que saía o dinheiro? Da conta Amigo, claro, que só a Segunda Turma finge não entender.
Já na denúncia da PGR, Raquel Dodge sustenta que Marcelo Odebrecht pediu ajuda a seu pai, Emílio Odebrecht, para que o então presidente Lula intercedesse pela ampliação da linha de crédito para a empreiteira.
Segundo Dodge, Lula foi “determinante” para o BNDES aumentar para US$ 1 bilhão a linha de financiamento que beneficiou a Odebrecht e outras empresas.
E ela aponta que a ampliação da linha de crédito “teve seu preço ilícito pago sob a forma de vantagem indevida” a integrantes do PT, justamente na conta-corrente criada em 2008 para arrecadação de “vantagens indevidas” da sigla – inicialmente gerenciada por Palocci. E foi criada para quê? Para pagar as propinas do petrolão, claro.
Mas talvez a maior pedra no sapato de Toffoli seja mesmo Renato Duque, o operador do PT na Petrobras.
Como negociava diretamente com as empreiteiras, o ex-diretor de Serviços da estatal é a prova de que o dinheiro do petrolão inundou as contas do PT e de seus integrantes.
Embora a Segunda Turma do STF não tenha medo do ridículo, fica cada vez mais ridículo ignorar a realidade em prol de um presidiário corrupto e lavador de dinheiro.
Para tirar Lula da cadeia, Toffoli, Gilmar e Lewandowski agora terão de alegar que a Petrobras não tem nada a ver com a Petrobras.