Lula, o homem sem medo

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A vós que vos deixais mortificar por esse bombardeio de injustiças sobre o homem que operou o milagre da libertação de dezenas de milhões de brasileiros dos grilhões da pobreza e que promoveu a maior distribuição de renda já vista neste país, serenai vossos espíritos.

Todo aquele que contemplou com lucidez o olhar de Luiz Inácio Lula da Silva sabe que em sua alma o medo não se cria.

Perscrutei os espelhos de sua alma em busca de uma réstia de hesitação, de uma sombra de medo, de um fiapo de insegurança, mas não encontrei. Do olhar de Lula emana, tão-somente, energia que poderia iluminar uma nação.

Enquanto conversávamos, não prestava tanta atenção às palavras. Refletia sobre aquela figura mítica que tinha diante de mim. E sobre os inimigos poderosos que lhe espreitam cada passo, cada palavra, cada gesto.

Perguntava-me como podia se manter tão sereno e confiante a despeito da horda que anseia destruir não apenas o homem, mas as ideias que representa.

Disse a Lula que me preocupava com o ódio que lhe dedicam porque adentra o terreno do sobrenatural. O ódio que atraiu contra si ao pregar igualdade entre os brasileiros, converteu-se em religião. E o que é pior: os portadores desse ódio dispõem de recursos extraordinários.

Confesso que passei minutos intermináveis tentando enxergar nele algum medo do futuro, das conspirações que germinavam enquanto conversávamos, mas nada encontrei.

Tal era a serenidade em seu olhar enquanto eu listava tudo que poderia lhe suceder que cheguei a supor que ele não se dava conta dos riscos que corria. Insisti nesses riscos, mas ele não se abalava. Optei, então, por não perder mais tempo e direcionei a conversa para o quadro político, que ele já sabia que evoluiria como tem evoluído.

Se alguém pensa que Lula está surpreso com tudo que está acontecendo, engana-se. Há cerca de um ano ele já previa até onde seus inimigos iriam. E já imaginava que, em caso de surgirem maiores problemas na economia, os fracos de espírito o abandonariam.

Perguntei se não se arrependia de ter dado tanto poder à Polícia Federal e ao Ministério Público, de não ter engendrado mecanismos para se proteger caso toda essa liberdade a esses órgãos fosse usada para atacá-lo.

Não se arrepende. Para ele, o problema do Brasil sempre foi o medo que seus antecessores tiveram de dar liberdade aos órgãos de controle.

Lula acredita que os abusos que estão praticando contra si fazem parte do processo de amadurecimento de nossas instituições, e que caso seus inimigos voltem ao poder descobrirão que não há mais como se protegerem através do aparelhamento da Justiça, do MP ou da PF como o que promoveu Fernando Henrique Cardoso.

Nunca me esquecerei da serenidade de Lula diante do calvário contra si que já se anunciava e do qual ele tinha plena consciência.

Quando vejo muitos dos que o apoiam ficar mortificados diante das injustiças que ele vem sofrendo – como eu mesmo fico, inclusive -, busco coragem na lembrança de sua serenidade, de sua coragem, de sua fé inquebrantável na verdade e na justiça.

Homens como Lula não se dobram, não se amofinam, não desanimam. Para pessoas como ele, cada batalha perdida é uma lição e cada vitória é apenas mais um passo de uma jornada que não é só sua, mas de todos os viventes.

Uma jornada em busca da justiça social.

Ele certamente não se desespera diante das calúnias contra sua família – que jamais lucrou com seu sucesso estrondoso na política – enquanto familiares dos adversários amealham fortunas sem qualquer explicação razoável, como no caso da filha de José Serra, quem, há um par de anos, comprou, em sociedade com o homem mais rico do Brasil, parte de um negócio no valor de cem milhões de reais – e sem ninguém saber a origem de tanto dinheiro.

Lula não se desespera porque já esperava por isso. Ele já sabia que perscrutariam sua vida e a de sua família em busca de alguma mera evidência que pudessem usar. E sabe que não encontrarão.

Você perguntará: mas e se forjarem alguma coisa? Não importa. Ele não se deixará abater. Não tem medo. Inexplicavelmente, ele não teme a adversidade. Lula se considera filho da adversidade, pois foi através dela que se tornou o político mais importante do país.

Quando lembro da coragem que vislumbrei no olhar de Lula, chego a sentir vergonha de, vez por outra, deixar-me mortificar pelas injustiças que sofre. Então, inspirado nele, persisto. Tento fazer da força dele a minha força. Sugiro a você que pensa como eu, que faça o mesmo.

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